Diversão e Arte

Teresa Cristina se apresenta em Brasília e homenageia Clara Nunes

postado em 14/01/2012 08:00

;A Lapa está voltando a ser a Lapa/A Lapa confirmando a tradição/A Lapa é o ponto maior do mapa do Distrito Federal/Salve a Lapa!” Escritos no fim da década de 1940, os versos de Herivelto Martins e Benedito Lacerda se encaixariam perfeitamente na transformação do Centro do Rio de Janeiro, do fim do século 20. Sufocada pela repressão do Estado Novo, a Lapa carioca nunca deixou de lado a boemia. Tanto que, há 14 anos, viu surgir uma cantora que seria o símbolo da revitalização, Teresa Cristina, que está na cidade hoje e amanhã para participar do projeto Contos de Areia ; 70 Anos de Clara Nunes, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB).

Em 1998, Teresa era casada com o violonista Bernardo Dantas, que tocava no grupo Acorda Bamba e ensaiava todos os dias em casa. O contato diário com a música despertou o gosto pelo meio, que ganhou um empurrãozinho do destino com o CD Samba de roda, de Candeia, resgatado por um amigo. O álbum de 1975 está ligado à infância da carioca, quando ela o escutava ao lado de seu pai. O reencontro com Candeia fez com que Teresa virasse noites sem dormir com ;aquilo na cabeça;. ;A música tem esse poder de transportar a gente para qualquer lugar, qualquer ano. Fiquei atordoada ouvindo aquelas composições, até que eu tive uma ideia bem louca de cantá-las. E eu não era cantora nem nada;, lembra.

A regravação da obra de Candeia ocorreu paralelamente ao surgimento de uma forte amizade com a Velha Guarda da Portela. Nomes como Monarco, Tia Surica e Argemiro tiveram um carinho especial com a menina criada na Vila da Penha, na Zona Norte do Rio. Foi por causa do Guaracy 7 Cordas, da Velha Guarda, que ela se apresentou pela primeira vez no Semente. O bar foi o cenário principal do início da carreira artística de Teresa e batizou o Grupo Semente, que a acompanhava. ;Sem querer, Guaracy mudou a minha vida. Naquela noite, ele não poderia cantar e me indicou no lugar dele. No começo, não tinha um repertório firme, cantava músicas do Candeia e sucessos do rádio de Alcione, Beth Carvalho e Clara Nunes. O público gostou e eu acabei ficando;, conta.

De ex-manicure e ex-funcionária do Detran, Teresa Cristina levou o samba para a Europa, a Ásia, a América Latina e a África. Na discografia, homenagens e canções autorais em A música de Paulinho da Viola (2002), O mundo é meu lugar (2005), Delicada (2007) e Melhor assim (2010). Em 2012, a cantora pretende gravar um CD e um DVD em tributo ao rei Roberto Carlos com a banda Os Outros, e um disco com músicas do Candeia.

Clara, a diva
Com a cantora Joyce Moreno, Teresa Cristina mergulha hoje e amanhã no projeto Contos de Areia ; 70 Anos de Clara Nunes, onde interpreta músicas do repertório da artista mineira, como Novo amor (Chico Buarque), O mar serenou (Candeia) e Tudo é ilusão (Aníbal Silva, Eden Silva e Tuffi Lauar). Em um depoimento emocionado, Teresa lembra a homenageada com carinho: ;Clara era uma diva, com o que isso possa ter de melhor. Ela tinha tanta energia concentrada que, quando você vê uma imagem dela cantando, parece que ela está viva. E mesmo cantando canções tristes, Clara trazia um alento. Talvez seja isso que a gente sinta falta: a voz dela fazendo um carinho. Poder lembrar dela desse jeito tão especial e com um projeto só pensando nela é ótimo. Eu homenageio Clara há mais de 10 anos. Estou sempre cantando alguma coisa que ela já gravou e isso não é inédito. A novidade é estar em um show específico para ela;.

CONTOS DE AREIA ; 70 ANOS DE CLARA NUNES
Hoje e amanhã, às 21h, as cantoras Teresa Cristina e Joyce homenageiam Clara Nunes no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tc. 2). Como os ingressos já estão esgotados, o CCBB instalou um telão no hall, próximo ao bistrô Bom Demais, para transmitir o evento. Informações: 3108-7600. Não recomendado para menores de 14 anos.

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