postado em 14/01/2012 13:05
;Muitas vezes, quando se fala da pausa em música, as pessoas pensam na interrupção. Mas não. Na verdade, é o silêncio. E é tão importante como uma nota. Então, uma pausa de mil compassos é um silêncio que tem uma duração indeterminada, que cria o espaço que dá sentido ao som;, explica o violonista carioca João Rabello sobre Uma pausa de mil compassos, nome do seu segundo disco. O verso ; extraído da música Para ver as meninas, de Paulinho da Viola, ; é a essência do CD, produzido sem afobação. ;Queria criar algo com composições minhas, ao contrário do que fiz em Roendo as unhas (2006). Foi difícil chegar a um ponto em que eu ficasse satisfeito e acabou levando mais tempo do que eu gostaria;, comenta.Mais dinâmico do que o anterior, o álbum traz somente dois solos de violão (Valsa na madrugada e Improvisos ao amanhecer). Nas outras faixas, os sons do piano (Gabriel Geszti), do baixo acústico (Matias Correa), da bateria (Rafael Barata), do violoncelo (Marcelo Salles), de sopros e de metais dão ritmo e velocidade para o disco que ;explora a identidade; do violonista. ;Roendo as unhas foi um CD de estreia que abria muitas possibilidades, então, tinha composições minhas e de outros músicos clássicos e populares. Agora, tive a intenção de explorar mais o caminho que pretendo seguir daqui pra frente.;
Os novos rumos de João devem incluir Brasília ; capital que ele espera ter em sua turnê. ;Ela tem uma ligação muito forte com o choro, apesar de não ser um músico de choro. Mas a cidade também tem uma relação com a música instrumental e é um dos lugares mais importantes para mostrar meu trabalho. Em 2012, quero fazer shows, mas acredito que para o meu tipo de trabalho ainda é um desafio, pois é preciso encontrar os espaços certos para esse tipo de música e fazer uma conexão com o público, algo que ainda estou construindo;, observa.
Época de Ouro
Além de ser a faixa de abertura, Para ver as meninas é a síntese das referências de João Rabello. A música, composta em 1971, ganhou novos arranjos 22 anos depois, num ensaio com Raphael Rabello e Paulinho da Viola, tio e pai de João, respectivamente. ;Propus mostrar o meu lado compositor e arranjador em Uma pausa de mil compassos, mas não quis me afastar complemente das minhas influências. Abro o disco com essa música, como se fosse uma introdução, para depois começar a minha proposta;.
Neto de César Faria, fundador do grupo Época de Ouro, João tem nas veias o talento para o violão. O músico se orgulha da ilustre genealogia, mas espera que, em breve, tenha seu trabalho desassociado aos artistas da família. ;Imagino que é um recurso que a mídia explora por ser a informação que está mais fácil, principalmente neste momento em que ainda estou no meu segundo disco. Mas o que importa mesmo é a qualidade do que se está fazendo, é a relação com o público;, finaliza.