Diversão e Arte

Filme de Béla Tarr vence Festival de Palm Springs

Mario Abbade - Especial para o Correio
postado em 17/01/2012 08:00
O cavalo de Turim, de Béla Tarr e Ágnes Hranitzky, foi eleito o melhor filme
Palm Springs (EUA) ; Depois de 10 dias de atividades, o grande vencedor do Festival de Palm Springs, no domingo, foi O cavalo de Turin, de Béla Tarr e Ágnes Hranitzky. A melancólica história, que envolve o filósofo Nietzsche, um cavalo castigado, seu dono e a filha, foi determinante para a decisão do júri. Nas entrelinhas, ficou claro que os jurados não quiseram, em melhor filme, premiar o óbvio: o iraniano A separação, favorito ao Oscar. Mas acharam justo compartilhar a categoria melhor atriz entre as três que atuam no longa: Leila Hatami, Sareh Bayat e Sarina Farhadi.

No páreo de melhor filme, dividiram o júri o grego Attenberg, o austríaco Breathing e o belga Bullhead, que rendeu o prêmio de melhor ator a Matthias Schoenaerts, destaque na tela como um homem inocente aprisionado num corpo truculento. O brasileiro Tropa de elite 2 foi muito comentado ; e o que mais atraiu público. Mas, mesmo na lista dos cinco melhores estrangeiros do National Board of Review, o longa foi vítima do habitual preconceito contra a ação e a violência. Agora, a torcida é para que os membros da Academia, que decidem o Oscar, não caiam na mesma armadilha. Também foi exibido o brasileiro Abismo prateado, de Karim A;nouz, mas fora de competição.

Uma das mostras competitivas reúne 40 longas indicados ao Oscar de melhor filme estrangeiro. O festival, que prestigia o cinema independente, incluiu também seleções de novos cineastas árabes e de iniciantes que se destacaram no mundo. No evento, os longas ficam livres da concorrência de blockbusters: seus astros vão para participar de premiações, não para exibir suas produções. George Clooney, Gary Oldman (que deram palestras a US$ 25), Brad Pitt, Angelina Jolie, Emily Blunt, Charlize Theron, Tom Hanks, Al Pacino e Michelle Wil-liams foram alguns dessa edição.

Uma exposição com fotos inéditas de Marilyn Monroe, pelo lançamento do livro Marilyn ; Intimate exposures, do fotógrafo Bruno Bernard, também chamou a atenção. A maioria das vitrines de Palm Springs estampava fotos da atriz, não importando se era uma loja de conveniência ou material de construção. A homenagem lembra a época em que as estrelas de Hollywood se refugiavam na cidade em busca de uma vida privada e vários pecados, já que esse oásis no deserto da Califórnia fica a menos de duas horas de Los Angeles.

A organização do festival, que impressiona, é um espelho da cidade: filmes no horário, legendas apuradas, projeções impecáveis e transporte gratuito entre os cinemas. Tudo isso num cenário de filme de John Ford, com a cidade cercada por montanhas, cânions e um deserto onde, às vezes, avista-se um coiote, além de outros animais, entre cactos que parecem saídos de um western.

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