Diversão e Arte

Brasília ganha 12 salas de cinema voltadas para filmes cults

postado em 21/01/2012 16:19
Há dois anos, maio tem sido um mês desagradável para os fãs brasilienses da sétima arte. Em 2010, algumas salas do antigo Cine Academia pegaram fogo. O local fechou as portas, e Brasília perdeu não só um cinema, como também ficou carente de opções da produção alternativa. No ano passado, outro golpe. Por questões financeiras, a Embracine ; cuja proposta equilibrava atrações do circuito comercial com filmes autorais ; também foi desativada. Agora, os tempos são outros. Agora, a cidade abriga dois espaços para os amantes da arte que passa longe dos melodramas e comédias fáceis de Hollywood.
Fernando Dalanhol acredita que Brasília tem público para as 12 novas
Em dezembro de 2011, o cinema (localizado no shopping CasaPark) reabriu como Espaço Itaú de Cinema, não só mantendo, mas ampliando a programação diferenciada. São oito salas. Há uma semana, foi a vez da inauguração do Cine Cultura Liberty Mall. Depois de alguns meses em reforma, o cinema do shopping reabriu suas quatro salas com novidades. Além da nova fachada, parte dos títulos em cartaz é dedicada ao cinema alternativo.

;Começamos o ano com uma boa notícia;, comemorou o funcionário público Antônio Luiz Galdino, 58 anos, exibindo o ingresso para pegar uma sessão no Cultura Liberty. ;Senti muita falta desse circuito em Brasília. Sem os filmes de arte em cartaz na cidade, tinha que fazer uma seleção minuciosa do que assistir entre as opções disponíveis. Mas nem sempre eu acertava;, conta Galdino. ;Várias vezes, depois do filme começar, tinha impressão de ter entrado na sala errada;, confessa.

Público feliz
Para o advogado Fernando Dalanhol, 31 anos, a volta do circuito de cinema alternativo foi inevitável. ;Público na cidade não falta, era uma questão de tempo mesmo. Até porque Brasília sempre teve essa ligação com a sétima arte, por conta dos festivais de cinema;, comenta. Pipoca numa mão, ingresso na outra, o jornalista William França, 45, conta que, durante a ;seca cinematográfica; vivida pela cidade, só conseguia ver filmes diferentes quando viajava para São Paulo. ;Era isso ou esperar algum deles saírem em DVD. Já tinha passado da hora de Brasília voltar a ter cinemas com essas opções;.

A empresária Maura Gontijo, 58, conta que ainda compra CDs e DVDs. Mas, na ausência dos filmes que quer ver nos cinemas da cidade, recorre ao download. ;Sou das antigas. Gosto mesmo é de ver filme na tela grande, que é sempre muito mais prazeroso;, opinou, enquanto aguardava na fila para ver o longa-metragem argentino Um conto chinês, no Espaço Cine Itaú. O médico Frederico Montenegro, 64, esperando para ver o mesmo filme, concordou: ;Na ausência desse circuito, ficamos sem filmes de qualidade. E a tevê não atende a essa demanda. Por conta disso, fiquei muito tempo longe de uma sala de cinema;.

Estreias de qualidade
Três premiadas produções internacionais chegaram ontem a esse circuito. O iraniano A separação, de Asghar Farhadi, foi contemplado com o Globo de Ouro de melhor filme estrangeiro e, no Festival de Berlim, levou o Urso de Ouro de melhor filme, ator e atriz. A produção alemã O dia em que eu não nasci recebeu os prêmios de melhor atriz coadjuvante e trilha sonora. O filme filipino Lola, de Brillante Mendoza, passou por 11 festivais internacionais e recebeu diversas indicações a prêmios, inclusive no Festival de Veneza.

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