Irlam Rocha Lima
postado em 26/01/2012 11:24
;Esta ciranda quem me deu foi Lia, que mora na Ilha de Itamaracá.; O verso da mais famosa canção do gênero apresentou a pernambucana Maria Madalena Correa do Nascimento a brasileiros de outras regiões. Aos 68 anos, a cantora, patrimônio da cultura popular nacional, levou seu canto e sua dança para o exterior ao fazer apresentações em Paris, em Berlim e em Lisboa.A Brasília, Lia veio algumas vezes e na, última delas, em 1; de janeiro do ano passado, participou da festa da posse da presidente Dilma Rousseff, na Praça dos Três Poderes. De volta à cidade, hoje às 21h, ela ocupa o palco da Sala Villa-Lobos (antes, será a vez do grupo brasiliense Marafreboi mostrar seu trabalho); e amanhã, no mesmo horário, estará no Ginásio de Sobradinho, ao lado do grupo Luz do Samba. Em ambos os locais, a entrada é franca e os ingressos serão distribuídos hoje a partir das 14h, no foyer do Teatro Nacional Claudio Santoro.
Lia sempre morou em Itamaracá, ilha distante 35 quilômetros de Recife. Aos 12 anos, começou a participar das rodas de ciranda. O apelido lhe foi dado por Teca Calazans ; artista pernambucana radicada na França ; em 1960. A ciranda que fala dela foi divulgada nacionalmente pelo grupo Quinteto Violado, durante turnê nacional do show A feira, apresentado em Brasília em meados da década de 1970, no Ginásio do Colégio Marista.
Merendeira de profissão, Lia assumiu definitivamente o ofício de cirandeira em 1977 ao lançar o LP A rainha da ciranda. Mas, por 20 anos, suas apresentações ficaram restritas aos moradores de Itamaracá e aos turistas que visitavam a ilha. Ao tomar parte no festival Abril Pro Rock, em 1998, encantou os espectadores com seu vasto repertório que inclui também coco e maracatu.
World music
A repercussão do trabalho a levou a gravar o CD Eu sou Lia, lançado em 2002, pelo selo Ciranda Records. O álbum de canções arranjadas com tarol, surdo e instrumentos de sopro foi lançado na França e nos Estados Unidos, onde ganhou a classificação de world music. A cantora chegou a gravar uma faixa do disco Rádio samba, da banda Nação Zumbi, ícone do mangue beat.
Outro representante do movimento, o cantor e compositor Ortinho gravou o rock Ciranda de Lia, que traz a letra: ;Lia, essa ciranda quem me deu foi você/ E o que eu mais queria era te agradecer/ Com uma canção de amor cheia de alegria/ Com esse calor de cirandar de dia/ Mas que está difícil demais de arrancar um sorriso/ Da cara do povo/ Tá difícil uma roda de amigos difícil demais cirandar de novo;.
;Agora me apresento no Centro Cultural Estrela de Lia, na Praia de Jaguaribe, em Itamaracá. Consegui comprar o espaço com a ajuda de amigos;, conta a cirandeira, que possui o título de Patrimônio Vivo de Pernambuco. ;Meu sonho é gravar um DVD. Tenho a ideia na cabeça. Quero registrar tudo, pois os turistas, os veranistas, que vêm me ver aqui em Itamaracá me carregam no coração deles, mas não têm à disposição o registro do canto e da dança da ciranda para levar com eles;, revela.
Nos shows pelo 1; Festival Internacional de Artes de Brasília, Lia vai interpretar canções como Eu sou Lia, Preta cirandeira, Cirandeira pela praia, Moça namoradeira e, claro, o clássico Cirandeira. ;Brasília é uma cidade bem diferente, moderna, onde sou sempre bem recebida pelas pessoas, Isso para o artista é muito importante. Estou feliz por ter sido convidada para esse festival;, diz Lia, que, no carnaval pernambucano, vai fazer várias apresentações, inclusive no desfile do Galo da Madrugada.
LIA DE ITAMARACÁ
Show da cantora e cirandeira, com abertura do grupo Marafreboi, hoje, às 20h30, na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional, pelo 1; Festival Internacional de Artes de Brasília. Entrada franca. Os ingressos serão distribuídos a partir das 14h, na bilheteria do teatro. Classificação indicativa livre.