O cineasta grego Theo Angelopoulos morreu, ontem, em decorrência de uma hemorragia cerebral causada depois de um atropelamento de motocicleta. Aos 76 anos, o diretor foi atingido durante uma pesquisa de locação na região Drapetsona para o seu próximo filme (ainda sem título), que seria dedicado a discutir a recente crise europeia e seus efeitos no cotidiano do povo grego. Seria mais um dos filmes de Angelopoulos dedicados ao país. A cinematografia do criador, um dos grandes nomes do novo cinema grego (ao lado de Costa-Gravas), era rica em narrativas bastante críticas a respeito da cultura grega e do nascimento da cultura ocidental. Por meio de metáforas e alegorias, o cineasta questionou ideologias sociais do século 20 e governos totalitaristas.
Muitos dos 20 longas-metragens dirigidos por ele versavam sobre temas universais e humanos narrados pelo ponto de vista de um indivíduo apenas. Angelopoulos se decidiu pela carreira de cineasta aos 30 anos, em 1965, depois de estudar direito na Grécia e literatura na França. Uma das marcas do seu estilo era a estética extremamente ligada à poesia. O último título assinado pelo diretor foi o segmento Céu inferior, no filme coletivo Mundo invisível, lançado no ano passado. Desse projeto, participaram cineastas como Wim Wenders, Gian Vittorio Baldi e a brasileira Laís Bodanzky.
Filmografia
Alexandre, o grande (1980)
; No início do século 20, um ladrão esconde-se sob o manto do imperador Alexandre, o Grande. Seguido por uma legião de admiradores, ele tenta formar uma comuna agrária guiada pelos princípios do anarquismo. Crítica aos falsos mitos seculares e ideologias do século 20. O filme ganhou um Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Paisagem na neblina (1988)
; Duas crianças partem da Grécia em direção à Alemanha em busca do suposto pai que elas nunca conheceram. O mito fundador do país de origem do diretor é colocado em xeque. Enquanto, o diretor atualiza o mito de Orestes, de Ésquilo (o filho que volta para vingar a morte do pai).
Um olhar a cada dia (1995)
; A trajetória de um fotógrafo empenhado em uma viagem de recuperação possivelmente os últimos negativos do filme dos irmãos Manakis (pioneiros do cinema grego). No fundo, Angelopoulos trabalha a trajetória de um Ulisses moderno vivendo sua odisseia.
Uma eternidade e um dia (1998)
; Vencedor da Palma de Ouro do Festival de Cannes no ano em que foi lançado. O prêmio, um dos mais prestigiados do cinema mundial, fez com que a narrativa sobre um escritor famoso que está morrendo recebesse boa distribuição no mundo.
Assista a trailer do filme Um olhar a cada dia