postado em 31/01/2012 10:49
Eles vivem rodando o país (e o mundo) às voltas com shows, projetos musicais diversos, carregando na bagagem seus instrumentos de cordas, tocados com o auxílio de um arco. Nesta terça-feira (31/1), às 13h (entrada franca) e às 21h, no palco do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), formarão um quadrado perfeito. Em sua penúltima semana, o projeto Quadrilátero, que desde o começo do mês reúne quatro músicos dedicados ao mesmo naipe de instrumentos, traz a Brasília os violoncelistas Jaques Morelembaum e Lui Coimbra e os violonistas Nicolas Krassik e Ricardo Herz.O encontro a oito mãos é inédito. ;Em situações diferentes, tocamos um com o outro, mas nunca nessa formação. A gente se conhece, se admira e tem esse amor pela música brasileira e pelo improviso;, reforça Nicolas Krassik, francês radicado no Brasil há mais de uma década. A dinâmica da noite será assim: cada um deles fará uma apresentação em separado e, em seguida, todos se encontram no palco.
Krassik não sabe o que os amigos tocarão em seus blocos individuais. Para sua participação, está preparando uma versão de Deixa a menina, de Chico Buarque, e Cordestinos, música que dá nome ao disco e ao projeto do músico, que inclui instrumentos de corda em ritmos nordestinos. Jaques selecionou Ar livre, uma composição dele, e Sambou; sambou, de João Donato. Para o momento coletivo do show, eles preparam Chega de Saudade, de Tom Jobim e Vinicius de Moraes; Outra vez, também de Tom, além de O ovo, de Hermeto Pachoal. ;Foram sugestões do Leo Gandelman. Jaques sugeriu Outra vez. Fomos trocando e-mails para afinar as sugestões;, destaca o músico.
Ontem, eles fizeram um ensaio no Rio, para ajustar os arranjos e, antes das apresentações, farão outro, já em solo brasiliense. ;Queríamos apenas juntar os arranjos para que não se tornasse uma bagunça, mas a intenção também era manter espaço para o improviso e para espírito informal;, afirma Krassik.
Subir no palco com companheiros que se dedicam ao mesmo naipe é raridade. ;Cada um cria seu trabalho, constrói sua carreira e participa de trabalhos específicos. Temos que correr muito atrás. Pouca gente pensava em montar um grupo assim. Geralmente, a ideia parte de alguém de fora. Nós não temos muitas oportunidades de nos reunirmos;, destaca Krassik.
Sonoridade única
A chance de reunir violinos e cellos, explica, é sinal de uma sonoridade única no palco. As 16 cordas, quando tocadas juntas, criam uma orquestração diferente do que se vê com frequência. ;Faremos um som mais acústico, eu talvez passe mais pelo elétrico, criaremos surpresas de timbres;, explica. Segundo o músico, o recurso do arco permite notas mais longas e acentuação rítmica mais forte. ;Além da textura sonora, gostamos da ideia de ser um encontro de quatro músicos com universo parecido, mas com concessões diferentes;, revela.
Frequentador de eventos que reúnem a nata da música em Brasília, o francês admira as crias musicais saídas do Planalto Central. ;Há muita gente boa saindo da Escola de Choro Raphael Rabello. Existe um estudo muito apurado da técnica, do instrumento, da linguagem e da tradição do choro, mas muito ligada ao improviso jazzístico. São músicos que não ficam presos à tradição, escutam outras coisas;, afirma Krassik, que já tocou diversas vezes no Clube do Choro (umas seis vezes, calcula), mas nos últimos dois anos, não conseguiu conciliar a agenda de forma a manter essa tradição. ;Quero muito conhecer o novo espaço, estou aguardando o convite do Reco do Bandolim (presidente do Clube). Brasília tem um público muito receptivo;, elogia.
Os quatro músicos serão acompanhados pelo pianista David Feldman, pelo baixista Alberto Continentino e pela bateria de Renato Massa. O projeto se encerra em 7 de fevereiro, com o quarteto de metais composto por Jesse Sadoc (trompete), Paulinho Trompete (trompete), Vittor Santos (trombone) e Serginho Trombone (trombone).
QUADRILÁTERO
Nesta terça (31/1), às 13h e às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB - SCES Trecho 2, conjunto 22 - 3108-7600). Às 13h, entrada franca, mediante retirada de senha com uma hora de antecedência na bilheteria. Às 21h, ingressos a R$ 6 e R$ 3 (meia). Classificação indicativa livre