Ao longo dos últimos anos, os desenhistas e roteiristas de histórias em quadrinhos Gabriel Bá e Fábio Moon conseguiram uma série de prêmios, alguns deles até então inéditos para autores brasileiros de HQs. Entre as honrarias estão o Eisner Award e o Jabuti. Mas foi com seu trabalho mais recente, Daytripper (lançada em 2010 nos Estados Unidos e ano passado no Brasil), que os gêmeos paulistanos alcançaram um novo patamar. ;Hoje, somos mais reconhecidos como autores, não só desenhistas;, comentou Bá em entrevista ao Correio.
A repercussão de Daytripper será um dos assuntos que os irmãos irão debater nesta terça-feira (31/1), na primeira edição de 2012 do projeto Palco Iguatemi ; a ser realizado a partir das 19h30, no Teatro Eva Herz, localizado na Livraria Cultura do Shopping Iguatemi. Moon e Bá também falarão sobre suas trajetórias, projetos antigos e as novidades para 2012.
Os irmãos chegam a Brasília um dia após o Dia do Quadrinho Nacional. A data, instituída pela Associação dos Cartunistas de São Paulo, é uma homenagem ao pioneiro dos quadrinhos brasileiros, Angelo Agostini ; que em 30 de janeiro de 1869 publicou a primeira edição de As aventuras de Nhô Quim ; Ou impressões de uma viagem à corte, a primeiríssima HQ brasileira ; e tem como objetivo celebrar a produção brazuca de histórias em quadrinhos.
Entrevista com Gabriel Bá e Fábio Moon
Daytripper repercutiu muito bem, nacional e internacionalmente. Qual dos reconhecimentos recebidos pela obra deixou vocês mais felizes? Por quê?
Gabriel ; Todo reconhecimento do Daytripper nos deixa felizes, de formas diferentes. Nos Estados Unidos, foi nosso maior projeto autoral e serviu para nos consolidar como autores, não só como desenhistas. Aqui no Brasil, foi nosso primeiro trabalho que conseguiu reunir o reconhecimento que temos no exterior, os prêmios que a obra ganhou, a visibilidade que temos na mídia e o fato de o próprio livro estar sendo lançado e disponível no país inteiro. Estamos muito felizes com tudo.
E qual o reflexo dessa boa repercussão na carreira de vocês?
Gabriel ; Hoje, somos mais reconhecidos como autores, não só desenhistas, e as editoras estão mais abertas para os projetos da gente ; não só para usar nossos desenhos nas histórias dos outros. Vários convites para convenções e eventos de quadrinhos ao redor do mundo são resultado dessa repercussão e temos tentado balancear as viagens com o trabalho, pois é importante divulgar e promover os livros, mas é preciso continuar produzindo material novo.
Vocês conseguem perceber o surgimento de novos leitores para o trabalho de vocês?
Fábio ; Estamos sempre buscando novos leitores. Quadrinhos não são só pra ;nerds; ou ;crianças;. Queremos expandir o mercado de quadrinhos e mostrar a pessoas que não costumam ler HQs que elas podem encontrar ali histórias incríveis. Acredito que o Daytripper esteja fazendo um pouco isso, mas precisamos continuar produzindo esse tipo de quadrinhos para conseguir realmente formar este público ;novo;.
Um assunto recentemente muito discutido por quem faz e lê quadrinhos foram as propostas de lei para cotas de produção nacional nas editoras brasileiras. Vocês acompanharam essa história? O que pensam a respeito dessas propostas?
Gabriel ; Acho que pode ajudar na formação de público se bem utilizado nas escolas e faculdades (como propõe o artigo 5; da lei). Mas não acredito que resolverá a vida dos autores e criará problemas para editoras, principalmente as pequenas. Nunca se publicou tanta HQ como hoje em dia, em variedade de gêneros e títulos, tanto estrangeiros quanto nacionais.
O que vocês leram de interessante de quadrinho nacional em 2011 e recomendariam para as pessoas?
Gabriel ; Um projeto muito bacana de 2011 foi uma página de quadrinhos no IG, de onde surgiram três trabalhos excelentes: Beijo adolescente, de Rafael Coutinho; Roberto, do Edu Medeiros; e Tune 8, do Rafael Albuquerque. Tanto o Beijo adolescente quanto o Tune 8 foram compilados e publicados em papel. Outra HQ legal foi Achados e perdidos, do Eduardo Damasceno e Luís Felipe Garrocho, pois é uma boa história infantojuvenil, gênero pouco trabalhado no quadrinho nacional.
Fábio ; E quem continua firme e forte numa ilustre carreira nos quadrinhos é o Gustavo Duarte, que depois das premiadas Có (2009) e Taxi (2010), lançou Birds, mais uma HQ sem falas, contando tudo com seus elegantes desenhos.
Quais os planos de vocês para 2012? Quando poderemos ler o próximo trabalho de vocês?
Fábio ; Este ano, vamos lançar um álbum da série Cidades Ilustradas, da Casa 21, sobre São Luís do Maranhão. Além disso, também deve sair por aqui o Casanova, série que fazemos nos Estados Unidos com o escritor Matt Fraction. Estamos trabalhando na adaptação para os quadrinhos do livro Dois irmãos, do escritor Milton Hatoum, mas vai demorar ainda para ficar pronto.
Palco Iguatemi com Fábio Moon e Gabriel Bá
Terça (31/1), às 19h30, no Teatro Eva Herz da Livraria Cultura (Shopping Iguatemi, Lago Norte). Acesso livre.