Nahima Maciel
postado em 08/02/2012 08:00
A sede da Fundación Tàpies, em Barcelona, foi tomada ontem por fãs que queriam render homenagem a Antoni Tàpies, um dos últimos grandes nomes da arte informal espanhola do século 20. Morto aos 88 anos em Barcelona, na última segunda-feira, o artista se inscreve na história da arte como uma voz sensivelmente preocupada em buscar os múltiplos significados da verdade e do sagrado na produção artística. Centenas de pessoas foram à fundação assinar o livro de condolências do artista. Herdeiro de uma família bem-sucedida no ramo da indústria gráfica, Tàpies construiu uma trajetória que perpassa o século 20 e imprimiu nas obras produzidas ao longo de mais de cinco décadas de carreira um conjunto de reflexões capazes de estabelecer uma ponte entre movimentos findos, como o surrealismo, e a arte contemporânea.
Tàpies era, antes de tudo, um informal. Flertou com o surrealismo e deste trouxe a escrita automática repetida como inscrições semissagradas em desenhos e pinturas como um anúncio de que o homem não nasceu hoje nem se esgota no presente. Ele acreditava na arte como ponto de encontro entre as dúvidas mais primitivas da existência humana e o encontro com um universo sacralizado e místico. A materialidade e a fisicalidade dos desenhos e pinturas ; muitos deles mostrados em Brasília em 2005 durante retrospectiva destinada a ele ; atestam o diálogo entre o abstrato e a realidade física do existir. Tàpies costumava usar partes do próprio corpo como espécies de carimbos formando manchas às quais acrescentava materiais, por exemplo, areia, gordura, pó de mármore, arsenal cujo sentido era completado com frases, números, signos ou palavras carregados de presença e sentidos colhidos em um alfabeto pessoal.
A matéria completa você lê na edição impressa desta quarta-feira (8/2) do Correio Braziliense.