Se há algo que provoca ansiedade no veterano Araquém Alcântara é o fato de não ter sentido, na pele ou na retina, todas as diferenças de vegetação do Brasil. Andarilho e investigativo viajante, aos moldes de Pierre Verger, o fotógrafo catarinense até se gaba de tocar pontos ;aonde ninguém chega;, na tarefa de, na pele de precursor, haver sistematizado, em imagens, aquilo o que estava disperso: animais e florestas. ;O Brasil sempre foi meu modelo de universo;, sintetiza.
Na mesma escala agigantada, que comportou os cliques do recém-lançado livro Amazônia, o fotógrafo de 42 anos de carreira deparou-se com o quadro de um quinto de desmatamento na região, que, na idêntica proporção, concentra a água doce reservada ao planeta. Com desasossego, o homem que, por 11 anos, registrou fotografias de mais de 40 parques nacionais, recebe a alarmante estatística. ;Não há fim a alcançar: o meu propósito é captar a beleza, flagrar a respiração da vida. Apresento o poético, mesmo quando documento o horror;, observa. Há quase três décadas, Araquém adotou uma linha ideológica, engajada e extremamente documental.
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As expedições renderam 150 mil imagens, com mescla de visões, saídas da ;matriz criativa; na Mata Atlântica, além da real geleia de originalidade, em parcerias com personalidades como Paulo Vanzolini, Aziz Ab;Saber, Drauzio Varella e Thiago de Mello. Em momentos, porém, pouco importam os 44 livros de carreira e o incontável reconhecimento internacional, confirmado em prêmios como o Primer Print Awards (o Benny, sediado em Chicago) de melhor livro de arte das Américas e a integração a coleções como a do Centro Georges Pompidou (em Paris). ;Há uma elite fotográfica, caolha, que torce o nariz para os que não a frequentam. Ignoram trabalhos livres e indomados;, avalia.
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