postado em 16/02/2012 08:57
Uma névoa escura de culpa e rejeição sempre atormentou os personagens filmados por Martin Scorsese. Em Taxi driver (1976), Travis Bickle é um taxista que sente um desejo doentio de limpar as ruas de Nova York de prostitutas e drogados, como se, por meio da violência, ele pudesse se purificar dos próprios pecados. Jake LaMotta, boxeador biografado em Touro indomável (1980), não confia em ninguém à sua volta ; nem na mulher, muito menos no irmão ; e, teimosamente, entrega-se à autodestruição. Nos dois casos ; e em vários outros ;, Robert De Niro, o escolhido de Scorsese, encarnou o âmago de homens sombrios, imprevisivelmente violentos, açoitados pelos resultados trágicos de seus atos. Não é o caso do novo filme do diretor nova-iorquino, A invenção de Hugo Cabret, uma fantasia infantil indicada a 11 estatuetas do Oscar.
O título, uma homenagem ao cinema pioneiro do francês Georges Méli;s, não tem sangue escorrendo pelos braços de mafiosos violentos ou homens solitários perturbados por pesadelos noturnos ou paranoias urbanas. É um conto sobre um garotinho chamado Hugo Cabret, que conhece a magia dos primeiros filmes. É sobre um Scorsese no melhor de seu talento e, ainda assim, correndo riscos, tentando fazer filmes que tenham algum valor pessoal mesmo trabalhando no regime severo de compromissos comerciais e midiáticos de Hollywood.
;É muito difícil fazer um filme. Em outras palavras, você precisa querer estar lá. E tem que acordar cedo. Às vezes, antes de o sol nascer, e você precisa se dirigir até uma locação;, contou numa entrevista ao crítico e admirador Roger Ebert, editada no livro Scorsese by Ebert. ;Depois que fiz Caminhos perigosos (1973), descobri que gostaria de experimentar com os gêneros porque sempre amei diretores assim, como Howard Hawks. Eles eram capazes de fazer westerns, comédias, musicais, suspenses;, completou.
A matéria completa você lê na edição impressa desta quinta-feira (16/2) do Correio Braziliense