Ricardo Daehn
postado em 20/02/2012 08:26
A aposta da seleção entre os concorrentes ao Urso de Ouro do Festival de Berlim foi alta, com investimento em nomes ainda não consagrados, mas, no resultado, prevaleceu a voz da experiência, com a vitória dos irmãos Paolo e Vittorio Taviani, envolvidos com arte há quase 60 anos. Com Cesare deve morire (;César deve morrer;, em tradução livre) vencedor do Urso de Ouro no festival alemão ; que começou no dia 9 e terminou ontem ;, os octogenários italianos tornam às origens, no retrato documental (presente nas colaborações sessentistas com o diretor Valentino Orsini) e com a veia teatral, que já refletiu admiração por Bertolt Brecht e Luigi Pirandello.Na cerimônia de encerramento da 62; edição do Festival de Berlim ; ao lado de um emocionado Nanni Moretti (outro alicerce da cultura italiana) ;, Paolo Taviani saudou colaboradores presidiários, que, num trabalho sistemático de seis meses, possibilitaram a realização do longa-metragem. Eles foram treinados para encenar um Shakespeare (Júlio César) dentro do presídio de segurança máxima do subúrbio de Rebibbia (Roma), com a ajuda do preparador cênico Fabio Cavalli.
Nas palavras do diretor Paolo, os detentos ;recuperaram a vida;, pela conexão com a arte, em processo que trouxe identificação deles com papéis trágicos do celebrado bardo inglês. ;Um preso também é uma pessoa, e sempre será;, completou, em pensamento que encontrou eco no politizado júri do evento, presidido pelo diretor Mike Leigh e com integrantes como o iraniano Asghar Farhadi (diretor de A separação) e a atriz Barbara Sukowa (Rosa Luxemburgo).
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