postado em 20/02/2012 12:16
Júlia Bosco se formou em publicidade e propaganda e, por oito anos, atuou como consultora de gestão na Petrobras até decidir encarar a carreira de cantora. Aos 31 anos, lança o primeiro disco, sugestivamente chamado de Tempo. Mas a música não foi uma descoberta tardia. Filha do cantor e compositor João Bosco, ela desde cedo conviveu com as criações do pai e com o gosto musical dele. ;A gente é fruto do meio, cresci ouvindo o que meu pai colocava na vitrola. Ele era ótimo DJ. Nossos jantares eram incríveis (risos);, lembra.Na vitrola de João Bosco tocava Billie Holiday, Etta James, Miles Davis; ;Coisas que pessoas de bom gosto escutam;, observa a filha. Essas informações se juntaram às descobertas que a própria Júlia faria com o tempo, como Bj;rk, Amy Winehouse e as tradicionais rodas de samba cariocas. Nessas rodas e em saraus na casa de amigos, a cantora começou a se manifestar. Não havia ansiedade em chegar ao disco. ;Fui amadurecendo a ideia, sabia que ia acontecer, mas não tinha pressa. Eu não estava parada, queria que fosse natural, e não forçado. No paralelo, ia fazendo minhas experiências musicais.;
Júlia sentiu que estava no ponto ao conhecer o multi-instrumentista Fabio Santanna, com quem hoje divide apartamento no bairro do Jardim Botânico, no Rio. Ela nem sabe dizer o que começou primeiro, se a parceria musical ou o romance. ;É aquela história: o ovo e a galinha. Uma coisa só aconteceu em função da outra, talvez se a gente não tivesse pensado tanto em música não tivesse tempo para ficar junto e casar. Foi um encontro. O que surgiu disso é muito grande para separar uma coisa da outra.;
O nome de Júlia estampa a capa de Tempo, mas o trabalho é fruto da parceria do casal. Além de coproduzir o álbum com Plínio Profeta, Fabio compôs sozinho quatro das 13 faixas ; Confusão, Play a fool, Mutantes e Tempo. As demais foram criadas pelo casal, em um processo que não seguia método. ;As músicas surgiam naqueles momentos de ;ih, pintou uma coisa aqui;, ou então resgatando coisas antigas que Fabio tinha no computador; Coexistir no mesmo ambiente foi um facilitador;, conta Júlia.
É com naturalidade, portanto, que algumas canções acabam funcionando como crônicas do cotidiano do próprio casal. ;Desavisados, principalmente, tem muito a ver com nossa história. Estávamos vivendo um momento proveitoso para os dois e queríamos dividir. É um assunto que é nosso, mas também de todo mundo que vive um romance;, diz ela sobre a faixa que abre o repertório. Carregado de bossa, jazz, pop, samba, Tempo resulta numa refinada mistura que evidencia a eclética memória musical de quem cresceu vendo a boa música brotar dentro de casa.
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