postado em 06/03/2012 08:00
Manhã perdida na década de 1980. Enquanto folheia o jornal, o poeta mineiro Carlos Drummond de Andrade se depara com uma notícia incomum: em algum lugarejo árido e poeirento do Nordeste, um estivador musculoso e recluso acabava de dar à luz, chocando a pequena cidade. Não se sabe, em riqueza de detalhes, o que instigou o poeta itabirano a contar essa trama rocambolesca, mas a saga árida dessa mulher transformada em homem acabou virando seu único cordel. Os versos foram musicados por Sérgio Ricardo e viraram o cordel sinfônico Estória de João Joana, que estreou em Brasília em 1985, voltou ao palco da Sala Villa Lobos do Teatro Nacional seis anos depois e agora retorna a Brasília pela terceira vez, em temporada que se estende de hoje a quinta, com a formação original.;É um espetáculo absolutamente livre. Nem tão erudito, nem tão popular. Até hoje, quando ouço, me emociono;, afirma Sérgio Ricardo, apontando a obra como uma de suas melhores criações. Como seu cordel não se enquadra no padrão comercial, o compositor explica que os raros investimentos em montagens fizeram com que ele fosse quase inédito. Pelos seus cálculos, os versos de Drummond casados com sua melodia foram exibidos ao público em apenas cinco temporadas. Um disco foi lançado, com vozes de Chico Buarque, Geraldo Azevedo, João Bosco, Alceu Valença, Elba Ramalho e Telma Tavares, mas a baixa tiragem o alça ao posto de raridade fonográfica.
A matéria completa você lê na edição impressa do Correio Braziliense desta terça-feira (6/3).