postado em 15/03/2012 11:15
Em Procura da poesia, uma das obras mais admiradas da literatura brasileira do século 20, Carlos Drummond de Andrade convida o leitor a contemplar as mil faces secretas das palavras. ;Lá estão os poemas que esperam ser escritos;, avisa. Algo semelhante pode ser dito sobre a bibliografia do autor mineiro: por muito tempo, o leitor brasileiro subestimou as facetas menos conhecidas de um escritor que, enquanto publicava obras-primas em verso, exercitava a prosa em contos e crônicas que revelavam um observador arguto das transformações sociais brasileiras. É esse tesouro que se torna mais visível com os primeiros relançamentos do arquivo ;drummondiano;, agora pela Companhia das Letras.A coletânea Contos de aprendiz (1951) e a reunião de crônicas Fala, amendoeira (1957) se juntam aos poemas indispensáveis de A rosa do povo (1945) e Claro enigma (1951) na primeira etapa de um projeto editorial a que não falta ambição. Quatro meses depois do lançamento do ;Dia D;, que iniciou uma série de tributos organizados pelo Instituto Moreira Salles, começam a chegar às livrarias versões elegantes e padronizadas do vasto ;espólio; do mestre. Morto em 1987, ele foi escolhido pela organização da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) como o homenageado principal de 2012, quando completaria 110 anos.