Diversão e Arte

Museu da República recebe a partir de hoje a mostra de cinema Memória Viva

Ricardo Daehn
postado em 20/03/2012 08:00

O cineasta Nicolás Gil Lavedra ; um dos quatro artistas que compõem o evento Memória Viva ;Ciclo de Cinema Argentino, a ser aberto, hoje, no Museu da República ; pode ser tomado como símbolo para momentos históricos capazes de dividir a Argentina em duas. ;Nasci em dezembro de 1983, quatro dias antes da retomada da democracia;, explica ele, que, tendo comandado o set de Verdades verdadeiras ; A vida de Estela (2011), crê ter amortecido a falta de informação corrente em parte de sua geração.

;Na minha casa, se falava muito da última ditadura militar, da democracia e de organismos de direitos humanos. Chamou-me a atenção o relativo silêncio em outros lares;, comenta. Nutrido por grande respeito e admiração incondicional à luta da conterrânea Estela de Carlotto, ativista e presidente da Associação Avós da Praça de Maio, Nicolás logrou o mais intimista dos quatro títulos a serem exibidos no museu. Outro tema caro aos argentinos, a Guerra das Malvinas, transparece na dobradinha Iluminados pelo fogo (2005), de Tristán Bauer, e Hundan al Belgrano (1997), de Federico Urisote.



Leve-me, um dos destaques do evento, conta a história de uma adolescente que se torna prostituta


Veja a sinopse dos filmes em cartaz no Ciclo de Cinema Argentino


Mamãe foi ao cabelereiro (2008)

Hoje, às 19h.

Em meados dos anos de 1960, a jovem Élise (Marianne Fortier) carrega o peso de haver revelado um estarrecedor segredo relacionado ao pai dela (Laurent Lucas). A fim de recolher frangalhos da família, ela assume uma postura conciliadora, ao lado dos irmãos Beno;t, isolado num atraso mental, e Coco, pouco interessado na crise. Um tema denso tratado sob prisma infantil, na medida, festivo.


Pink Ribbons INC (2009)

Amanhã, às 19h.

Nas primeiras projeções pelo Brasil, foi um projeto feito sob encomenda pelo National Film Board of Canada e, em Lodres, integrará um importante festival de filmes relacionados a Direitos Humanos. A partir de otimista evento que reúne vítimas do câncer de mama, a diretora relativiza o símbolo afável do laçarote cor-de-rosa que encabeça a campanha encampada pelo setor privado, que faz as vezes do apoio governamental. Exibido como uma "pancada" (nas palavras da cineasta) em salas canadenses. Não recomendado para menores de 16 anos.


Leve-me (1999)

Amanhã, às 21h.

Com a edição de som feita no mesmo estúdio de Jean-Luc Godard, que estava na sala ao lado, Léa Pool prestou uma homenagem ao mestre, ao reavivar a figura da protagonista de Viver a vida (1962), uma prostituta encarnada por Anna Karina. Aos 13 anos, na trama, Hanna (Karine Vanasse) está sugestionável e, fragilizada por tênue estrutura familiar, cede à admiração por Anna Karina. Pool comprova a maturidade, escorada pela espetacular fotografia de Jeanne Lapoirie (das fitas de François Ozon), pela celebração ao cinema e pelo frescor de Karine Vanasse. Não recomendado para menores de 16 anos.

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