O boné de aba reta, a calça larga, o cavanhaque e a cara de mau compõem o personagem que Marcelo Machado Ramos Junior utiliza para compor o DJ Junior Killa. Quando troca de roupa ele é o psicólogo Marcelo ou o teólogo Marcelo, como preferir. Com as três profissões no currículo, o DJ nascido e criado em Ceilândia se vira para aliar as festas e mixagens aos compromissos profissionais. E ele encontrou uma boa forma de resolver a questão. Uniu o útil ao agradável.
A convite de uma psicóloga dos tempos de faculdade, Marcelo começou a frequentar os presídios do Distrito Federal para promover oficinas de hip-hop e tentar afastar os internos da marginalidade. A música é o elo disso tudo. ;Fui às alas menos visitadas e mais problemáticas. Um dia desses um ex-presidiário me convidou para a formatura dele em direito. Fiquei orgulhoso de vê-lo ali. Acredito que a música tem esse poder transformador;, observa Junior.
A atuação dentro dos centros de internação rendeu uma coletânea que vendeu 10 mil cópias e foi gravada nos estúdios que Marcelo Junior mantém em Ceilândia e Samambaia. São espaços que surgiram há 10 anos e abrigam um acervo de mais de 14 mil vinis, entre nacionais e internacionais, com raridades guardadas a sete chaves. Os discos importados vêm de Miami e Nova York, de amigos que enviam de lá. As produções dos estúdios são prensadas na Alemanha. Segundo Junior, o custo é bem menor do que se fossem feitos aqui no Brasil.