Diversão e Arte

Ator defende que o circo se mantenha como atividade artística e empresarial

postado em 27/03/2012 17:36
Rio de Janeiro ; O circo precisa de apoio oficial para se manter como atividade empresarial e artística, assegurando, assim, a continuidade da tradição da arte circense, defendeu nesta terça-feira (27/3), no Dia Nacional do Circo, o empresário e ator carioca Limachem Cherem, colega de picadeiro por mais de 20 anos de Carequinha, o mais famoso palhaço brasileiro. Para ele, não há muito o que comemorar na data.

;O circo hoje não anda bem. Além da restrição ao uso de animais, a atividade sofre com a escassez de terrenos nas cidades para a montagem das lonas. Um exemplo disso é a Praça Onze, um ponto tradicional do circo, hoje totalmente ocupada pelo Terreirão do Samba;, diz o ator de 55 anos, que vive o palhaço Cherem. Empresário do setor, ele seguiu a tradição de ensinar a arte às filhas e as duas, Slanny e Sluchem, são hoje, respectivamente, as palhaças Carequita e Repita.

Para Limachem Cherem, a tradição de passar a arte circense para outras gerações está acabando. ;As famílias circenses estão acabando;, reconhece. Ele, no entanto, lembrou de iniciativas que considera positivas, como o prêmio criado pela Fundação Nacional de Arte (Funarte) após a morte de Carequinha, em 2006. Com o patrocínio da Petrobras, o Prêmio Carequinha contempla, com ajuda financeira, companhias, trupes ou grupos circenses que queiram adquirir equipamentos, produzir espetáculos ou organizar festivais de arte circense.

Outra preocupação do palhaço e empresário circense é quanto à empregabilidade dos profissionais do setor. ;Muitos palhaços, equilibristas e malabaristas ganham a vida hoje nos sinais de trânsito e em praças públicas.;

Cherem registra ainda outro fenômeno comum, a migração de artistas que se formam pela Escola Nacional de Circo para outros países. ;É uma honra muito grande mandarmos artistas brasileiros para os circos internacionais, mas, mesmo lá fora, não há um grande mercado de trabalho, e muitos acabam em parques de diversões e casas de shows;, relata.

Criada em 1982 pelo ator circense Luis Olimecha e sediada no Rio de Janeiro, a Escola Nacional de Circo é a única instituição de ensino diretamente mantida pelo Ministério da Cultura. Atualmente com 200 alunos matriculados, admitidos por concurso, a escola oferece cursos regulares de formação e reciclagem de artistas. O terreno de 7 mil metros quadrados que ocupa, na Praça da Bandeira, abriga uma lona com capacidade para 3 mil espectadores.

Mas, se, nas grandes cidades, os grandes circos lutam por espaços para montar suas lonas e cumprir as normas de segurança do Corpo de Bombeiros e as exigências das prefeituras, no interior do país, ainda há a tradição de receber os pequenos circos mambembes de braços abertos. ;Nas pequenas cidades, eles [os pequenos circos] ainda encontram espaços para montar suas pequenas lonas. São cidades carentes de diversão, e quando o circo chega é uma alegria;, afirma o palhaço Cherem, lembrando sua própria experiência pelo interior fluminense.

O Dia Nacional do Circo é comemorado nesta data porque foi o dia em que nasceu, em 1897, na cidade paulista de Ribeirão Preto, Abelardo Pinto, o palhaço Piolin. Falecido em 1973, Piolin é considerado o pioneiro no reconhecimento do circo entre as artes cênicas brasileiras.[SAIBAMAIS]

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