Ricardo Daehn
postado em 06/04/2012 10:06
Há quase cinco anos, por opção de montagem cinematográfica, o ator Otto Jr. ficou de fora do oba-oba e das celebrações em torno do fenômeno Tropa de elite. O personagem Major Gouveia teve as cenas reduzidas a uma única sequência: a do enterro, com direito à barriga postiça e bigode (que ;um figurante poderia fazer;). ;Seria a minha estreia no cinema;, conta o ator, interrompendo o habitual silêncio que, para ele, favorece a profissão abraçada há 15 anos. ;Posso abstrair bastante, quando fico ensimesmado no que tenho que fazer;, conta o mineiro, que soube esperar a hora certa. ;Muito mineiro;, que já morou em Ubá, São João del Rey, Unaí e Belo Horizonte, ele comeu quieto. O resultado veio na multiplicação dele nas telas de cinema, com dois projetos efetivados e outros dois em andamento.Em cartaz no CCBB até domingo com a peça A mecânica das borboletas, Otto pode ser visto em A novela das 8, filme em que retrata o persistente esquerdista Vicente, comprometido, em meio à ditadura, com a personagem de Claudia Ohana. Com registro vocal depurado na Companhia Teatro de Autônomo, o ator traz boa bagagem para o registro necessário em cinema. ;Minha formação toda é no teatro, mas tenho me sentido mais feliz e confortável no cinema;, comenta. A dita sétima arte, por sinal, contaminou primeiro a irmã dele, que partiu para estudos em Cuba. ;Na casa dos 20 anos, fiquei desfocado, na época do vestibular. Senti uma forte angústia e cheguei a pensar: ;Se viver é isso, não faz sentido;;, conta. A crise, para o ex-aluno do Colégio Militar ; que morou em Brasília até 1982 ;, foi solucionada pelo contato com a arte.