Durante quase duas horas, os cronistas Xico Sá, Diana Corso e Humberto Werneck, sob a mediação do jornalista Sérgio Maggio, dividiram segredos e reflexões de seu ofício com a plateia que compareceu à I Bienal Brasil do Livro e da Leitura. No debate A nova crônica brasileira: novos cronistas, novos diálogos, houve consenso na dificuldade de definir o gênero, e sobraram citações a textos clássicos da safra de cronistas consagrados: Rubem Braga, de longe o mais celebrado, dividiu as menções com Fernando Sabino, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Antônio Maria, entre outros. "O que não é agudo, é crônica", brincou Xico Sá, parafraseando Rubem Braga na dificuldade de definir parâmetros para o estilo literário ao qual se dedicava.
[SAIBAMAIS]Para o trio, que respondeu perguntas do público durante cerca de uma hora, as melhores crônicas são as que surgem de uma frase, uma provocação sutil, cujo rumo está indefinido no começo. Outro ponto em comum foi o tempo, que, para eles, trabalha a favor da criatividade. Enquanto Werneck declarou ter dificuldade de endereçar seus textos, usando seu referencial como leitor para contar as histórias que gostaria de ouvir, Diana Corso e Xico Sá admitiram endereçar sua produção a interlocutores. "Crônicas e blogs são espécies de cartas abertas", comparou a autora. Ao final do bate-papo, eles listaram nomes da nova safra que mantêm a exceleência na produção do gênero. "Gosto muito do trabalho do Ivan Ângelo, da Veja - SP. Ele é capaz de escrever com profundidade e delicadeza sobre as coisas mais improváveis", observou Werneck.