Diversão e Arte

"Xingu" leva saga dos irmãos Villas Bôas para o Festival de Tribeca

Agência France-Presse
postado em 20/04/2012 19:16
Nova York - A história da "Marcha para o Oeste", contada no filme "Xingu" (2011), leva a saga dos irmãos Villas Bôas e sua influência sobre as tribos indígenas do rio Xingu para o Festival de Tribeca, em Nova York.

O longa, de Cao Hamburger, relata a migração incentivada pelo governo de Getúlio Vargas para o centro-oeste do Brasil para ocupar terras "virgens", uma história muito atual em meio à polêmica provocada pela construção da gigantesca hidrelétrica de Belo Monte neste rio situado em plena floresta amazônica.

Hamburger se concentra na história dos irmãos que chefiaram a expedição, iniciada nos anos 1940, e lutaram contra a corrupção e suas próprias fragilidades para tentar salvar as tribos nativas afetadas pelo avanço do "homem branco".

As paisagens impressionantes da Amazônia, que às vezes remetem a "O Coração das Trevas", de Joseph Conrad, são o cenário para esta história épica centrada na expedição de Orlando, Claudio e Leonardo Villas Bôas, que terminará em 1961 com a criação do Parque Indígena do Xingu, no nordeste do estado de Mato Grosso, sul da Amazônia.

O parque nacional, onde convivem atualmente 14 tribos da região, talvez seja o único compromisso possível no dilema de "civilização e barbárie" em que se envolvem os três irmãos, os povos do rio Xingu e o governo.

Longe de uma solução, o conflito ressurgiu recentemente, com a oposição de indígenas e ecologistas à construção de Belo Monte, destinada a ser a terceira maior represa hidrelétrica do mundo, atrás da chinesa de Três Gargantas e da Itaipú binacional, na fronteira do Brasil com o Paraguai.

Outro filme latino-americano da mostra também tem a migração como tema na história contada por Lucy Mulloy em seu primeiro curta-metragem, "Una Noche" (2012), centrado nas desventuras e no estranho triângulo amoroso entre dois jovens e a irmã de um deles que se aventuram na travessia dos 140 km que separam Cuba e Miami.

"As pessoas deixam Cuba em botes caseiros, arriscando tudo. Todo mundo em Cuba conhece alguém que partiu ou tentou fazê-lo. Mães deixaram seus filhos, maridos deixaram suas mulheres. Alguns conseguem, mas muitos desaparecem ou são devolvidos pelo mar, vivos ou mortos", relata a diretora ao explicar o eixo de seu filme.

Esta co-produção Estados Unidos-Cuba-Reino Unido integra a competição oficial e é rodada em uma Havana subterrânea e de gente pobre que combina mais misérias do que alegrias, em um cotidiano no qual não se vislumbra um porvir - pelo menos do ponto de vista ocidental - de progresso.

Nesta cidade ao mesmo tempo vibrante e decadente, semeada por surtos de ternura e pequenos prazeres, o filme de Mulloy busca capturar, de uma "perspectiva fresca", a nova geração de cubanos e sua "energia crua", algo que transparece nos três personagens principais, jovens com idades entre 19 e 21 anos.

A relação dos cubanos com o turismo, a luta diante da desestabilização do núcleo familiar e a angústia e desesperança de uma juventude que quer deixar a ilha, seja como for, mesmo sem saber muito bem para que, são três das temáticas tratadas pela diretora.

O Festival de Cinema de Tribeca celebra sua 11; edição de quinta-feira até domingo, 29 de abril, com um programa de 89 longas e 60 curtas selecionados que representam 46 países.

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