Nahima Maciel
postado em 21/04/2012 09:53
A política, a tolerância e a crise econômica ganham espaço no último fim de semana da 1; Bienal Brasília do Livro e da Leitura. Uma conversa sobre as dificuldades da produção literária nos tempos da ditadura militar aproxima Carlos Heitor Cony e Thiago de Mello. Jornalista e poeta enfrentaram a repressão nos anos 1960 e chegaram a ser presos juntos. Em 1965, Cony e Mello participavam de uma manifestação contra o presidente Humberto Castello Branco em frente ao Hotel Glória, no Rio de Janeiro, quando foram presos pelos militares.Apesar de compartilharem visões políticas semelhantes, os dois escritores navegam em mares literários diferentes. Mello está sempre muito atento à produção latino-americana contemporânea e dialoga com o engajamento nas questões políticas e ambientais. Cony, ex-seminarista, confessa se sentir mais conectado com o Ovídio, da Roma Antiga, do que com Pablo Neruda. O engajamento não chega a ser tema de romances e o escritor nunca havia pensado em escrever crônicas sobre política até acontecer o golpe militar, em 31 de março de 1964. ;No dia 2 de abril fiz uma crônica contra o golpe;, lembra. ;Escrevi um romance sobre um escritor alienado que só escrevia romances ao estilo Sartre e como ele reagia a um golpe (Pessach: a travessia, 1967), mas não é um romance político e sim baseado em fatos políticos. Mas como cronista, minha obrigação era participar da situação política;, conta.