Diversão e Arte

Após a batalha é o filme sobre a difícil pós-revolução, de Yousry Nasrallah

Agência France-Presse
postado em 17/05/2012 15:55
Cannes - Através do encontro improvável entre um homem e uma mulher, Yusry Nasrallah mergulha com "Após a batalha", único filme verdadeiramente político em competição em Cannes, nas mudanças muito lentas ou assustadoras da revolução egípcia, que ele presenciou.

"O interesse principal de fazer um filme é recontar histórias sobre seres humanos e como, e isto é uma constante em todos os meus filmes, o indivíduo, diante de grandes acontecimentos, não aceita ser esmagado pela História com h maiúsculo", disse à imprensa.

Com apenas cinco páginas de roteiro, Yusry Nasrallah filmou sua ficção no momento em que os eventos eram registrados. Filmava a Praça Tahrir, escrevia com seu co-roteirista Omar Shama as cenas na noite anterior à filmagem, enquanto deixava os atores "trabalharem incorporando ideias".

Ao longo das duas horas de um filme que mostra o papel das mulheres na Revolução, ele tenta "familiarizar o espectador com o que é um egípcio atualmente". Reem, interpretada por Menna Chalaby, é intelectual, emancipada, idealista, urbana, aberta, laica, militante da Revolução.

Mahmud (Bassem Samra) é um dos cavaleiros que passeiam com turistas nas Pirâmides. Analfabeto e sem dinheiro, ele tem medo desta revolução egípcia que espantou os turistas e seu ganha-pão. Movido pela esperança de melhorar sua condição, ele aceita atacar os manifestantes da Praça Tahrir.

Jogado no chão e espancado, retorna ao seu bairro de Nazlet El-Samman onde ele e seus filhos são humilhados e ridicularizados. Este é o lugar onde eles se cruzam, que os olhares se capturam, que o desejo sobe... apesar de esses dois mundos serem tão distantes.

Um compromisso "pelo cinema"

Este encontro improvável é envolvido pelas possibilidades que poderiam ou deveriam causar a queda de Hosni Mubarak, como uma fantasia democrática que poderia destruir as classes, os preconceitos, as fronteiras físicas e morais da sociedade egípcia. Apenas uma fantasia, por enquanto.

Yusry Nasrallah mostra a determinação da sua heroína em acreditar que a Revolução pode fazer tudo, as atitudes de Mahmud para tentar alimentar sua família e seu cavalo ou as tentativas desesperadas de Fátima, a esposa do cavaleiro, de manter sua família, principalmente seus dois filhos, enquanto colhe os primeiros frutos da emancipação.

Para Bassem Samra (Mahmud), "a presença do filme em Cannes, pode ser uma grande e bela resposta a todos aqueles que querem acabar com arte no Egito". Foi este ator, que vive próximo ao distrito de Nazlet, que estimulou Yusry Nasrallah a contar a história desses cavaleiros das Pirâmides, exageradamente acusados de incorporar a contra-revolução atacando os militantes na Praça Tahrir.

"Em um ambiente onde o cinema é atacado como se fosse um pecado pelos chamados partidos islâmicos, este filme é um compromisso tanto político quanto para o cinema", disse o diretor. "Uma ditadura faz você se odiar. As pessoas merecem esta carta de amor que fizemos para elas no filme".

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