Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Rainha da disco music, Donna Summer influenciou gerações de cantoras

Aos 47 anos, Donna Summer já estava, como diria as mais ferinas línguas, tombada quando chegou ao Brasil em 1995, com a família, para turnê por 10 cidades, que atraiu um animado público quarentão, casado, bem comportado e com filhos. Não tinha mais as curvas da diva. Estava mais gorda e profundamente religiosa. Tinha até irritado, com comentários indevidos, a comunidade gay, plateia que nunca economizou nos adjetivos de divina e maravilhosa para reverenciá-la. Ali, num evidente descompasso com o tempo, a intérprete do hino I feel love parecia ser uma sombra da estupenda rainha da era disco, que fez anjos e demônios se soltarem livres sob o globo e a luz estroboscópica das discotecas. Naquela visita ao país, num instante de sabedoria e angústia, desabafou:

"Sou um clássico. É como aquele prato que você gosta, está sempre no freezer e é tirado só de vez em quando. Nunca saio de moda."

Dezessete anos depois, o mundo que se espanta e lamenta com a morte prematura da cantora, aos 63 anos, parece compreender cada palavra da frase dita em 1995. Rainha nos vídeos do YouTube, incensada nas redes sociais e referência na carreira de 10 entre 10 divas pops do aqui e agora, Donna Summer não se despede da vida como um espectro de um tempo nostálgico. Sai em paz com a história e reverenciada pelo legado musical.
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