postado em 18/05/2012 08:00
Aos 47 anos, Donna Summer já estava, como diria as mais ferinas línguas, tombada quando chegou ao Brasil em 1995, com a família, para turnê por 10 cidades, que atraiu um animado público quarentão, casado, bem comportado e com filhos. Não tinha mais as curvas da diva. Estava mais gorda e profundamente religiosa. Tinha até irritado, com comentários indevidos, a comunidade gay, plateia que nunca economizou nos adjetivos de divina e maravilhosa para reverenciá-la. Ali, num evidente descompasso com o tempo, a intérprete do hino I feel love parecia ser uma sombra da estupenda rainha da era disco, que fez anjos e demônios se soltarem livres sob o globo e a luz estroboscópica das discotecas. Naquela visita ao país, num instante de sabedoria e angústia, desabafou:"Sou um clássico. É como aquele prato que você gosta, está sempre no freezer e é tirado só de vez em quando. Nunca saio de moda."
Dezessete anos depois, o mundo que se espanta e lamenta com a morte prematura da cantora, aos 63 anos, parece compreender cada palavra da frase dita em 1995. Rainha nos vídeos do YouTube, incensada nas redes sociais e referência na carreira de 10 entre 10 divas pops do aqui e agora, Donna Summer não se despede da vida como um espectro de um tempo nostálgico. Sai em paz com a história e reverenciada pelo legado musical.
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