Diversão e Arte

Sátira sobre TV italiana e turismo sexual de mulheres desembarcam em Cannes

Agência France-Presse
postado em 18/05/2012 13:08
Cannes - Reality, um filme do italiano Matteo Garrone, cujo protagonista, Aniello Arena, está na prisão há 18 anos, e Paradies: Liebe, um filme do austríaco Ulrich Seidl, sobre o turismo sexual na África, tiveram boa repercussão nesta sexta-feira (18/5) em Cannes. Garrone descreveu o filme como uma comédia que se transforma em tragédia.

[SAIBAMAIS]O ator obteve permissão para sair da prisão e rodar o filme, mas não para comparecer ao Festival de Cannes. Garrone, que conquistou o Prêmio do Júri em Cannes em 2008 por Gomorra, um retrato da máfia napolitana, explicou o que o levou a escolher um homem que cumpre uma pena de 20 anos de prisão como protagonista de "Reality".

Foi nesta prisão na qual foi fundada há 20 anos a Companhia da Fortaleza, dirigida por Armando Puzzo, que confiou a Aniello Arena vários papéis em suas peças, entre elas obras de Shakespeare e Brecht. Arena trabalhou também em dois filmes italianos, entre eles Um tigre entre macacos, de Stefano Incerti (2009), antes de rodar Reality, no qual interpreta um pescador, Luciano, que diverte os que o rodeiam com seus talentos cômicos. Um dia participa de uma seleção para o Big Brother, o mais famoso reality show da televisão italiana, e começa a sonhar em ser escolhido para participar deste programa, o que significaria fama e dinheiro. A partir deste dia, sua vida não voltará a ser a mesma.

A última Palma de Ouro conquistada por um filme italiano foi O quarto do filho, de Nanni Moretti, que é presidente neste ano do Júri Internacional. O diretor de fotografia deste filme foi Matteo Garrone. O outro filme exibido nesta sexta-feira e que disputa a Palma de Ouro é Paradies: Liebe, que conta a história da viagem de Theresa (Margarethe Tiesel), uma assistente social, ao Quênia para esquecer sua dura realidade e desfrutar do sexo com os jovens que frequentam as praias de Mombassa, negociando colares, passeios de barcos, entre outras atividades.

Com uma estética visual caprichada, Seidl aborda o tema sem piedade, exibindo mulheres acima do peso, com os seios caídos, em busca de belos jovens como objetos sexuais. Mas o cineasta evita um olhar moralista e não julga as personagens. Para ele, o interessante é retratar a realidade. Segundo Seidl, no Ocidente, ninguém olha para mulheres com mais de 50 anos, sendo muito difícil para elas ter uma vida sexual. Dessa forma, a África se torna um presente.

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