Diversão e Arte

Ganhador do Capa descreve como é registrar a brutalidade humana em guerras

Nahima Maciel
postado em 20/05/2012 15:19
A motivação de André Liohn vem do fato de poder existir. Parece simples ou existencial, mas ela está ancorada em questões complexas. Nascido em Botucatu (SP) há 38 anos e radicado na Itália, o fotógrafo se descreve como um fracasso que deu certo. Filho de um padeiro, estudou até a quinta série e viu muitos amigos de infância caírem da delinquência e serem presos ou assassinados. ;Cresci numa sociedade bastante desencorajadora, bastante ruim;, conta. ;Fui discriminado terrivelmente. A sociedade fez tudo para eu não existir. Então o que me motiva hoje é eu poder existir.; Liohn deixou o Brasil para ser lenhador na Suíça, mudou para a Noruega e teve vida dura de imigrante latino antes de chegar à fotografia de guerra, que fez com que ganhasse o Robert Capa Gold Medal no início do mês.

O prêmio ; criado pelo próprio Capa e um dos mais prestigiados no meio fotográfico ; foi conferido pelo trabalho realizado durante a guerra da Líbia em 2011, quando forças rebeldes derrubaram o ditador Muammar Kadafi. Liohn, no entanto, não gosta da expressão ;brasileiro vence Robert Capa;. ;Se o Brasil tivesse alguma coisa a ver com isso, tivesse qualquer contribuição com isso, teríamos 200 milhões de Robert Capa, 200 milhões de Nobel, de Oscar e de bons professores. O Brasil investe em muita bobagem e ainda não temos bons professores, bons médicos. Essa cegueira me incomoda muito, porque o cego que tem essa cegueira só consegue ver quando algo grande acontece, como ganhar o Robert Capa.;

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