Diversão e Arte

Bibi Ferreira desfia a memória de nove décadas em show memorável

postado em 21/05/2012 08:32

Rio de Janeiro ; Bibi Ferreira tem o dom e a permissão de brincar com o tempo. De pé no palco histórico onde estreou Gota d;água (1975), ela vence, com a altivez de uma sacerdotisa, os 70 minutos do espetáculo Bibi in concert. A mulher de 90 anos se transmuta numa menina de ;13 ou 14 anos lá do século 17; para desfiar a memória, que se materializa diante da plateia apinhada do Theatro Net Rio (antigo Tereza Rachel) em carne viva e recheada de lembranças e de esquecimentos. É essa atriz, humana e mitificada como um fenômeno, que surge diante de olhos encantados, que se arregalam quando o corpo ri e quase desaparecem ao marejar de emoção. ;Obrigado, todos nós daqui (do palco) agradecemos muito. Ah, vocês se contentam com pouco. Os americanos fazem isso muito melhor;, brinca, diante de palmas efusivas, gargalhadas dobradas e gritos de ;bravo, bravíssimo;.

Dona de um humor fino e cortante, Bibi Ferreira está à frente de uma orquestra majestosa, comandada pelo maestro Flávio Leite. É um momento especialíssimo em uma gloriosa e única carreira no teatro nacional. ;Não me lembro da última vez em que cantei assim, rodeada de músicos como estes;. Com uma delicadeza ímpar, o regente não só constrói arranjos grandiloquentes para a voz potente de Bibi, como é o mestre de cerimônias do espetáculo. É ele que, num diálogo quase íntimo, puxa a ponta do fio da memória para que a mulher de 90 anos estique e brinque como uma garotinha. ;E os musicais Bibi? Você foi a primeira a fazer no Brasil;, lembra Flávio. ;Ah, os musicais... Fiz Alô, Dolly! O homem de La Mancha, My fair Lady...;, responde Bibi, emendando com uma crônica engraçadíssima sobre o tema, para depois, explodir musicalmente em uma sequência de arrepiar a espinha.

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