Agência France-Presse
postado em 24/05/2012 12:55
Cannes - A australiana Nicole Kidman excitou Cannes com um papel "cru e perigoso" em The Paperboy, do americano Lee Daniels, exibido nesta quinta-feira e que disputa a Palma de Ouro do 65; Festival de Cannes.Nove anos depois de Dogville, do polêmico cineasta dinamarquês Lars Von Trier, Nicole Kidman retorna à mostra oficial de Cannes na pele de uma "Barbie hiperssexualizada", com cabelo louro, unhas vermelhas e longos cílios postiços, em um drama policial do mesmo diretor de Preciosa.
A superestrela de 44 anos tem uma grande atuação. Em uma cena, ela mostra que é capaz de provocar um orgasmo em um detento sentado diante dela, sem qualquer contato de pele, desempenho que provocou muitos comentários dos críticos. Ambientado no sul da Flórida e estrelado por Mathew McConaughey, Zac Effron e John Cusack, o filme de Lee Daniels é uma adaptação do livro do escritor americano Pete Dexter, publicado em 1995.
O longa-metragem narra a história de dois jornalistas que investigam o caso de Hillary van Wetter, um homem condenado por ter assassinado um xerife e que espera no corredor da morte. Da prisão, ele mantém uma correspondência com Charlotte Bless (Kidman).
Para obter a libertação do homem que não conhece, interpretado por John Cusak, Kidman - que no filme usa minissaias ou calças brilhantes e na entrevista coletiva um elegante vestido vermelho - conta com a ajuda de dois repórteres investigativos, cada um deles com um passado obscuro.
O cineasta espanhol Pedro Almodóvar almejou levar para o cinema o livro The Paperboy, mas não conseguiu, afirmou o diretor americano Lee Daniels na entrevista coletiva. Daniels informou que o diretor espanhol escreveu um rascunho muito interessante, mas abandonou o projeto por alguma razão, como acontece muitas vezes em Hollywood.
[SAIBAMAIS]A oscarizada Nicole Kidman é a estrela também do filme Hemingway e Gellhorn, que foi exibido fora de competição em Cannes, no qual interpreta a correspondente de guerra Martha Gellhorn, casada com o autor de O velho e o mar, interpretado por Clive Owen.
Ambientado na guerra civil espanhola, o filme, produzido pelo canal a cabo americano HBO, relata a história de amor e o tempestuoso casamento entre o escritor e a jornalista, que foi sua terceira esposa. Gellhorn foi a inspiração para a protagonista de Por quem dobram os sinos, um dos melhors livros de Ernest Hemingway.
Também nesta quinta-feira, o mexicano Carlos Reygadas exibiu o filme Post tenebras lux na disputa pela Palma de Ouro. O cineasta disse que o verdadeiro título do longa-metragem deveria ser México sangra. Filmado nas florestas do estado de Morelos, o filme narra a vida de Juan e sua família, que deixaram a Cidade do México para morar no campo. O título é uma referência a um versículo bíblico do livro de Jó: "Depois das trevas, espero a luz".
Post tenebras lux mostra Juan, um pai de família jovem, acomodado, obcecado por sexo e acostumado a mandar, que é assassinado por um de seus funcionários. A natureza ao redor do personagem é agreste. O filme provocou controvérsia na sessão para a imprensa. Muitos jornalistas vaiaram e vários abandonaram a sala antes do fim da projeção.