Parecem duas frentes distintas, mas que, lógico, fundem-se, na linguagem do cinema e na seleção de filmes do 22; Cine Ceará: de um lado, o terreno da imagem (com fitas que celebram a própria realização do cinema), do outro um bloco que retrata o fluxo da tradição oral e da música (igualmente arraigados à sétima arte). Dos nove longas que competem, a partir da próxima sexta-feira, em Fortaleza, três são nacionais: o inédito Futuro do pretérito: Tropicalismo now! (de Ninho Moraes e Francisco Cesar Filho), além de Rânia (da cearense Roberta Marques), e de Febre do rato (do pernambucano Cláudio Assis), este às vésperas do lançamento comercial e multipremiado no último Festival de Paulínia. Optando pelo preto e branco, Cláudio Assis trata do tumultuado dia a dia de Zizo, um poeta anarquista pouco sociável.
Até o próximo dia 8, quando sai a lista dos 11 prêmios reservados aos longas, a concorrência pelo troféu Mucuripe será variada, uma vez que competem filmes produzidos em sete países ibero-americanos. Reconhecida criadora do cinema argentino, Paula Hernández (de Herencia e Lluvia) comparece à frente de Um amor (2011), com trama que salta dos anos 1970 ; quando Lalo, Bruno e Lisa se conhecem ; para 30 anos depois, no exame desses personagens, já adultos. Um hiato de tempo (e de traços culturais) marca Distância, primeiro filme de ficção de Sergio Ramírez, que examina a reaproximação, passados 20 anos, de uma moça sequestrada pelo exército da Guatemala e do pai dela, dono de um caderno criado para abastecer a filha de memórias não vividas.