Sara Sarres ganhou um pianinho aos 3 anos de idade e, desde então, as bonecas perderam o lugar de destaque. O pai, vendo seu encantamento com a música aumentar, matriculou-a na Escola de Música de Brasília. Ali, ela descobriu sua paixão, o canto, e começou o longo processo de lapidação vocal. Foi também durante a infância que Leonardo Neiva, em Taguatinga, deu os primeiros sinais de sua vocação. Tudo que ele tocava virava música: latas de leite em pó eram adaptadas como baterias, cabos de vassoura eram microfones. Não tardou para o menininho que fazia parte do coral de igreja evangélica virar solista das músicas no culto.
Décadas depois, os dois colhem os frutos do investimento que fizeram na carreira. Há 13 anos, a soprano Sara vive em São Paulo e é uma das cantoras mais requisitadas dos musicais produzidos no país. Leonardo, com seu timbre vocal de barítono, emenda uma ópera na outra (a ponto de reconhecer que, neste momento, não mora em lugar algum) e tem agenda lotada até 2014. Em 2009, foi eleito o melhor cantor do país no gênero, deferência concedida pelo Prêmio Carlos Gomes, o mais importante em território nacional. ;Fomos mordidos pelo bichinho da ópera;, admitem em coro.
No último fim de semana, a dupla, que passou a adolescência cantando na cidade, se encontrou no palco da Sala Villa-Lobos, durante a segunda edição do Festival de Ópera de Brasília. Eles viveram Marcello e Musetta, da ópera La Boh;me e, de 21 a 24 de junho, tem nova parceria marcada: voltam ao Teatro Nacional para as quatro récitas de Carmen, ópera composta por Bizet, na qual interpretam Micaela e Escamillo, respectivamente.
