Ilustradas e recheadas de introduções que complementam os escritos originais, chegam ao mercado literário reedições bem acabadas de O mandarim (1880), do português Eça de Queirós, o tão conhecido autor de O primo Basílio e O crime do Padre Amaro, e da coletânea Contos de imaginação e mistério (1919), do norte-americano Edgar Allan Poe. Separados por algumas décadas ; Queirós nasceu em 1845, quatro anos antes da morte precoce de Poe, aos 40 ;, eles enobreceram as línguas com as quais assinaram seus trabalhos: Queirós era ícone do realismo, e Poe, um artesão de histórias de mistério e terror. À primeira vista, parecem ter pouco em comum. Mas não é o caso das obras que agora retornam às prateleiras das livrarias.
O mandarim é, como o próprio autor define na ;carta que deveria ter sido um prefácio;, ;uma história de fantasia e do fantástico;. Ambientado em tons envelhecidos de cores bege e marrom dos desenhos do argentino Alberto Cedrón, morto em 2007, Queirós narra o encontro de um funcionário público aborrecido, Teodoro, com o próprio diabo. Satanás o seduz com a seguinte proposta: que mate um mandarim e ganhe, em retorno, uma fortuna. Teodoro, servidor do Ministério do Reino, nem hesitou.