Diversão e Arte

Vencedor em Cannes é consagrado com filme sobre delicadeza do amor

Ricardo Daehn
postado em 01/06/2012 08:55
;Não acho que a idade tenha me tornado mais sábio ou suave.; A declaração do diretor Michael Haneke, no transcorrer do 65; Festival de Cannes, em nada dissuadiu a opção dos jurados do evento: num caso raro, o diretor austríaco, pelo longa Amour, estava marcado para levar a segunda Palma de Ouro da carreira. O prêmio máximo foi reservado para uma ruptura temática, quase sempre delineada pela crítica à violência. ;Com o avanço da idade, temos que enfrentar o sofrimento das pessoas que amamos. Comigo esse fato aconteceu e me motivou para o projeto;, comentou o septuagenário, em torno do filme sobre o derrame que perturba a relação entre um casal de idosos.

Personagens embutidos numa dura realidade, distante da consumível, pela ótica de Haneke, reacenderam o brilho dos atores Jean-Louis Trintignant (em canto de cisne cinematográfico) e Emmanuelle Riva (Hiroshima, meu amor). ;Alguém já disse que a morte não deveria desgastar as pessoas que vivem. No filme de Haneke, os vivos não devem corroer aqueles que estão mortos: é estabelecido um conflito entre vida e morte e vice-versa;, opinou a terceira estrela do elenco, Isabelle Huppert. A atriz, por sinal, é um emblema dos tratados do diretor nascido, de fato, em Munique (Alemanha), seja em O tempo do lobo (2003), atento ao conceito de propriedade material (uma família é despedaçada pelo assunto), ou ainda em A professora de piano (Grande prêmio do júri, em Cannes), no qual uma sadomasoquista extirpa emoções de um jovem estudante.

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