;Acredito que Bergman tenha passado muitos filmes espantando os fantasmas da infância dele;, observa a cineasta Erika Bauer, que, professora da Universidade de Brasília (UnB), é uma das fortes candidatas à poltrona cativa na mostra Ingmar Bergman, a partir desta terça-feira (19/6) no Centro Cultural Banco do Brasil. Por cinco semanas de programação, e de graça, os espectadores poderão acompanhar 52 filmes relacionados ao sueco cuja cinematografia foi das mais elaboradas, em termos de profundidade psicológica. A abrangência existencialista da obra de Bergman é dos itens mais admirados por Erika Bauer. ;A interpretação dos filmes dele traz um silêncio tão significativo quanto as pausas das produções de Andrei Tarkovsky e Krzysztof Kieslowski . Para quem se pergunta ;que mundo atual é esse que não é o meu?; ; tão saturado de bobagens ;, Bergman cai muito bem: por vezes, ele nos faz esquecer das palavras para fixarmos na imagem;, observa.
Esteta morto aos 89 anos, em julho de 2007, o autor de Morangos silvestres (1957) trouxe às telas a universalidade de temas profundos como o fim da vida e a religião. ;A fé é um duro sofrimento;, celebrou o cineasta, no roteiro de O sétimo selo (1957). ;Fé e culpa;, extraídos do cardápio do diretor ; e dissecadas num roteiro autobiográfico em As melhores intenções (1992) ; são pontos de identificação entre a diretora, filha de mãe alemã. Daí, o apreço pela trilogia do silêncio, formada por Através de um espelho (1961), Luz de inverno (1963) e O silêncio (1963) ; todos a serem exibidos no CCBB. ;As pessoas se sentem tocadas porque ele trata das nossas buscas: a leitura de cada filme não se encerra, e continua na alma;, comenta a diretora.