O casal Patrícia Figueiredo e Ricardo Roesch é fã de ópera. Escutam árias em casa, no carro e incluem idas às salas de concerto sempre que viajam para outros países. No último fim de semana, encararam uma fila de duas horas para ter o privilégio da companhia de Carmen, a cigana fatal que dá nome à obra homônima de Georges Bizet e encerrou a 2; edição do Festival de Ópera de Brasília, no domingo (24/6). A longa espera, ao contrário de ser considerada um infortúnio, foi sinal de boa surpresa . ;Achamos que essa procura se deve ao fato de a ópera ser um espetáculo completo, que integra a dança, a atuação, a música. Mexe com os sentidos;, defende a advogada, que esteve nas três montagens exibidas (La Boh;me, Cavalleria rusticana e Carmen).
Assim como eles, uma multidão de brasilienses decidiu sair de casa, instigada pela possibilidade de ver algo novo. Depois de sete anos sem uma grande produção operística, a cidade voltou a investir no gênero em 2011, quanto estreou o festival. Agora, tenta consolidar a tradição. Nas imensas filas que se formaram, desde a estreia do evento, em 24 de maio, todos queriam garantir lugar em espetáculos nobres, cantados em outras línguas e compostos por elenco de artistas da cidade.
[SAIBAMAIS]Ao todo, o festival reuniu mais de 15 mil pessoas em torno das três montagens. Entre elas, uma dupla que há décadas se dedica e se emociona com as récitas. Aos 42 anos, Carlos Fenirahk acompanha a programação erudita do teatro desde os 18. A amiga Lucimar Barbosa também não perde uma e, juntos, os dois colecionam récitas de cada uma das produções que chegam à cidade. Quando se trata de La Boh;me e Cavalleria rusticana, a dupla não perdeu nenhuma exibição para acompanhar o desempenho dos diferentes elencos, que se alternam a cada noite. E ainda rememora títulos anteriores que entusiasmaram os amantes brasilienses desse universo, como La Traviata e O barbeiro de Sevilha. ;Agora estamos esperando por Olga;, avisa Lucimar. ;Ópera é uma coisa tão rebuscada com várias camadas. É muito bom ver essa popularização, as pessoas não desistirem da fila, de se sentarem no chão por três horas para poderem acompanhar;, destaca o amigo.