Um vídeo de quase cinco minutos alerta o visitante de Índia! na entrada da galeria circular do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB): a diversidade espalhada pelas obras da mostra é um reflexo da multiplicidade de ideias que forma a cultura indiana. Dado o recado, o visitante é transportado para um universo certamente distante, mas nem por isso desconhecido. O que se vê nos dois primeiros estágios da exposição confirma a imagem do país divulgada há séculos como território de culto à espiritualidade e à tradição. Cenas épicas pintadas em tecidos, são histórias cujas permanências se dão graças ao apego à narrativa oral, aos símbolos reproduzidos em utensílios domésticos e a uma quantidade considerável de esculturas dedicadas ao budismo, jainismo, sikhismo, budismo e hinduísmo, as cinco religiões fundamentais desse país de 1,2 bilhão de pessoas.
O choque acontece mesmo no último estágio da mostra, quando todo o imaginário sobre a Índia é desconstruído pela produção artística contemporânea reunida em duas galerias sob título de Índia ; Lado a lado. Se a indústria cinematográfica de Bollywood apresentada na galeria anterior não é suficiente para anunciar a fusão da tradição com a releitura da modernidade, o Elevador do subcontinente, simulado por Gigi Scaria, introduz o visitante em um país surpreendente. Pelas paredes do elevador correm imagens de interiores de casas de famílias indianas. Umas mais luxuosas, outras muito pobres, essas salas fazem alusão ao sistema de castas em uma crítica sutil: o observador se move, mas os habitantes não, já que a casta é algo imutável.
