postado em 11/07/2012 20:21
Rio de Janeiro - Formas de incentivar museus e colecionadores a exibirem peças que ficam protegidas nos acervos e de enfrentar o tráfico de obras de arte roubadas deram o tom a abertura desta quarta-feira (11/7) do primeiro encontro internacional sobre Proteção e Promoção de Museus e Coleções. Até a próxima sexta-feira (13) especialistas de 50 países discutem o assunto na capital fluminense.Organizado pelo Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), a ideia é adotar normas internacionais que diminuam a vulnerabilidade dos acervos de arte e inibir o tráfico de peças, segundo a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, que abriu o evento.
No Brasil, a maioria do que é roubado é de arte sacra e moedas de ouro ou prata, informou o coordenador de Patrimônio Museológico do Ibram, Cícero Almeida. O órgão é responsável por um catálogo que lista cerca de 200 pecas furtadas ou roubadas de museus.
Segundo Almeida, boa parte das obras sé usada na lavagem de dinheiro ou derretidas para facilitar a venda, como ocorreu com a Taça Jules Rimet, conquistada no tricampeonato mundial pela Seleção Brasileira de Futebol, na Copa do Mundo de 1970, que foi roubada da sede da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
"O comércio ilegal de ouro e prata é forte, mas geralmente esses objetos [de arte] são entregues a pessoas que encomendaram o roubo ou que participam da lavagem de dinheiro", disse Almeida.
Por causa disso, obras de arte sem valor intrínseco, como pinturas não estão totalmente seguras. Para protegê-las o encontro no Rio deve propor soluções que assegurem o cumprimento de leis internacionais, que já condenam o tráfico.
O Ibram pretende incluir a Receita Federal em acordo semelhante ao que mantém com a Polícia Federal. Colecionadores privados também citam a necessidade de apoio dos governos ao financiamento de sistemas modernos de segurança. Os equipamentos ajudam a inibir roubos, na avaliação administradora do Museu da Chácara do Céu, no Rio. De lá, ladrões levaram, em 2006, Os Dois Balcões, de Salvador Dali; A Dança, de Picasso; Marine, de Monet e Jardim de Luxemburgo, de Matisse.
"O roubo aconteceria de qualquer jeito porque ninguém resiste a cinco homens armados, sendo um com uma granada", disse Vera. "Mas depois foi feita uma atualização do projeto de segurança com financiamento do BNDES [Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social] e ficamos mais seguros", completou.
As pinturas, parte do legado do industrial Raimundo Ottoni de Castro Maya, nunca foram encontradas. O roubo é considerado um dos maiores de obras de arte do mundo.