Nahima Maciel
postado em 16/07/2012 08:42
Mário de Oliveira nunca havia visto ou ouvido falar de um cravo quando pisou pela primeira vez na Escola de Música de Brasília (EMB), em 1982. Hoje, apesar de achar que o instrumento tem som ;esquisito; e pouco interessante, fica preocupado ao imaginar outras mãos encarregadas de transportar o teclado de 150kg. Frágil e pesado, o cravo exige uma manobra danada toda vez que precisa ser levado até um dos dois auditórios da escola. ;Se pegar vento, desafina; se pegar luz, desafina. A tampa pode cair porque não é solta. Tem que sair pela porta de lado porque não passa. É trabalho;, avisa Mário.
Outro dia, a professora Ana Cecília Tavares, responsável pelas aulas de cravo na EMB, perguntou se ele havia ensinado alguém a transportar o instrumento. ;Não tem como ensinar;, respondeu. Mário se aposenta no próximo mês e vai deixar órfãos na instituição. ;Esse aí é muito bom;, conta a aluna de harpa Marina Mello. ;É muita ralação com o instrumento, essa coisa de carregar de baixo pra cima, arrumar auditório. Sem ele, não funciona mesmo!”. Até porque não há uma quantidade de harpas, pianos de cauda e cravos capaz de atender à demanda de alunos e professores, então é preciso dividir os instrumentos entre aulas, estudos e apresentações.