José Carlos Vieira, Ricardo Daehn
postado em 22/07/2012 06:00
Você é um dos principais nomes do cinema contemporâneo brasileiro. Já pensou em seguir carreira em Hollywood?Tem uma frase do diretor alemão Wolfgang Petersen, de A história sem fim, que é a seguinte: ;Todo jogador quer jogar no Barcelona; (risos). Então, todo cineasta pensa em ir para Hollywood. Mas não sei se trabalharia nos moldes que foi o Heitor Dhalia (12 horas), até o próprio Walter Salles (Na estrada). Eu tenho a perspectiva de fazer um filme americano, não posso falar muito detalhe, mas é um filme latino nos Estados Unidos. Se fosse entrar nos EUA, trabalharia assumidamente como o cineasta latino. Trabalhei agora no O gorila, como diretor contratado e produção de Rodrigo Teixeira, e estamos prospectando um filme nos EUA. Apesar de contratado, em O gorila tive uma liberdade muito grande, inclusive no roteiro. No esquema americano, você se torna ;funcionário;, esse é o problema, apesar de eu ser um cara muito curioso a respeito das formas de trabalhar. O próprio Fernando Meirelles prefere trabalhar com produtores ingleses, mesmo usando dinheiro americano. Ele tem controle sobre o filme. O primeiro longa que Fernando ia realizar era Janis Joplin, mas acabou não acontecendo porque ele brigou com os produtores, que queriam fazer um filme família de Janis (risos). Cheguei a participar de uma versão do roteiro. Mas há de se reconhecer que os americanos chegaram a uma logística de produção impressionante.
Você acha que isso é uma tendência?
O cinema está muito dinâmico. O digital e a internet estão mudando a forma de ver cinema. Atualmente, como o dinheiro está curto, a tendência é o processo ficar muito conservador, a tendência é o produtor, e quem investe, controlar ao máximo a produção ; eles não podem ganhar muito, mas certamente vão ganhar, a lógica conservadora é isso. E nós estamos vivendo tempos conservadores no cinema. Nada de riscos, tudo no manual.
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