Na sequência inicial de Sagrado segredo, longa-metragem brasiliense que entra nesta sexta-feira (3/8) em cartaz na cidade, um garoto é guiado pelo interior de igreja colonial pelas mãos de uma mulher. A visão de menino analisa um por um os quadros pendurados nas paredes do templo num misto de admiração e temor. A crucificação de Cristo é tanto curiosa quanto motivo de temor. Avanço no tempo. Uma equipe de cinema reunida para decidir os detalhes da produção de um filme sobre fé e religião está às voltas quanto aos caminhos que seguirão ao longo da produção. As discussão tocam em pontos como ;o que é fé?;, ;é possível fingir ter fé?; e ;existe verdade na fé como existe na mentira do teatro?;. As indagações são estimuladas pelo diretor da equipe, interpretado pelo ator Guilherme Reis.
Os trechos parecem dizer algo sobre o que está do lado de fora do filme, embora se infiltre nele lentamente. É como uma mensagem cifrada, enviada por André Luiz Oliveira, baiano e residente em Brasília, diretor da película sobre religião e fé, comunicando coisas extras ao filme. ;Estava muito focado com essa história que mexe comigo desde a infância. A fé e a devoção são indissociáveis. Ajudam a transcender a barra pesada do dia a dia. Fui preparado para fazer uma crítica às hierarquias da Igreja, mas essa certeza arrefeceu quando entrei em contato com a fé popular;, admite André Luiz, que cresceu na Bahia em família católica misturada ao contato com as religiões afrobrasileiras.