Na capa do álbum Tropicália ou Panis et circensis, de 1968, Tom Zé está ao canto, de pé, aparentando certa marra. Então com seus 30 e poucos anos, o músico já era mais amadurecido, em termos de idade, do que seus conterrâneos baianos Caetano Veloso e Gilberto Gil, figuras tidas como as centrais do movimento responsável pela ;abertura dos portos; da canção nacional às especiarias estrangeiras. Ao longo dos anos, Tom Zé parece ter se mantido fisicamente de canto nessa corrente ; por opção, ou não. Conservou, contudo, o olhar endiabrado sobre as questões centrais da inquietação tropicalista.
Agora, aos 75 anos, o músico nascido em Irará (BA) se propõe a investigar a origem das influências às quais os baianos tropicalistas estavam submetidos durante a infância. Caetano ouviu o disco, batizado de Tropicália lixo lógico, e afirmou que é o melhor do compositor ;desde que ele saiu do esconderijo;. ;A Tropicália é coisa de Tom Zé. Não só ele fez parte do movimento: ele realizou as obras mais ambiciosas no sentido de caracterizá-lo;, escreveu. Tom, lisonjeado, retrucou, em entrevista ao Correio: ;As obras mais importantes do tropicalismo, obviamente, são as coisas que Caetano e Gil fizeram. Não há a menor dúvida;, assegura. ;Eles são gênios. Gênio é outra coisa, bicho. Não adianta.;