Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Preparadora de elencos afirma que falta audácia nos atuais filmes nacionais



Como nasceu o trabalho de treinamento dos atores?

Tudo começou no filme Pixote, com meninos vindo de centros de recuperação. Quando peguei o elenco para treinar percebi que o processo era muito mais profundo. Não tinha como chegar lá e falar de teatro, representação, texto e personagem sendo que eles não eram nem atores e ainda cheios de problemas pessoais. Até tentei, mas foi um fracasso, quase desisti. O método nasceu por intuição. Entendi que era preciso primeiro limpar os meninos de antigas emoções antes de buscar o personagem. Não tem como introduzir alguma coisa sem antes abrir espaço. Depois que limpei, passei a construir a emoção dos personagens por meio da observação de animais e, com comparações, consegui fazê-los entender o que era amor, alegria, raiva, medo e dor, na medida certa.

Como são os exercícios do método?
O método é um trabalho bastante objetivo, porém cuidadoso, que pode levar de um a dois meses. Treino o ator já focando na emoção do personagem que ele vai fazer, mas primeiro observo bem a pessoa e descubro quem ela é pelo jeito de olhar, de falar e de andar. Revelados os excessos, ou as faltas, começo um trabalho de reorganização de energia, por meio de exercícios de bioenergética e kundalini. Uma vez equilibrado, coloco os atores para ensaiar juntos. Com isso, afino o coletivo. Por fim, apresento a cena para o diretor, que dá os retoques finais. Esse não é um trabalho de psicologia, como já ouvi por aí. Não estou lá para curar ninguém, eu quero que a pessoas se revelem para eu poder revelar o personagem.

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