Diversão e Arte

Glauco Mattoso lança simultaneamente livro infantil e romance em versos

postado em 22/08/2012 09:31

Aos 61 anos, o paulistano Glauco Mattoso, o maior sonetista da história da literatura, decidiu correr alguns riscos ;calculados; na carreira. Neste ano, o poeta ;maldito;, de versos ora pesados, ora bem-humorados sobre perversões sexuais e morais, lança dois livros que nasceram de experiências completamente novas para ele: o livro infantil A predileta do poeta, ilustrado pelo amigo Lourenço Mutarelli, e o romance em poesia Raymundo Curupyra, o caypora (ambos da Tordesilhas). ;Acredito que sou rigoroso na forma. Mas não me contentava só com isso. Queria que a minha obra se destacasse por coisas mais ousadas. E uma delas é fazer ciclos de sonetos que contassem histórias. Já tinha feito vários, que seriam equivalentes a contos líricos. Então por que não fazer um romance lírico?;, ele reflete.

A inovação, para Mattoso, significa ser retrô, antiquado, ir na direção contrária do que é contemporâneo e moderno. Raymundo Curupyra é uma narrativa ficcional desenvolvida em 200 sonetos heroico-decassílabos: retorno à tradição da poesia na condição de epopeia, como Os Lusíadas, de Luís Vaz de Camões, e outras obras lembradas por Mattoso, na linha de Invenção de Orfeu, de Jorge de Lima. ;A poesia tem a função de cantar e contar. As pessoas se lembram muito da poesia cantada, das cirandinhas, das músicas, das cantigas. Nas formas mais adultas, Vinicius de Moraes aproximou a poesia de livro da poesia de letra de música, e Gil, Caetano e Chico deram prosseguimento. As pessoas se esquecem da função narrativa e ficcional. Na poesia de cordel, as histórias são mais simples, não têm trama e personagens complexos;, delimita.

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