Diversão e Arte

O Kuarup vai além da homenagem aos mortos, funde toda a beleza indígena

postado em 26/08/2012 08:00

Parque Nacional do Xingu (MT) ; O céu ainda está escuro e uma camada de névoa branca cobre a superfície do lento rio Tuatuari. Nas primeiras horas do dia, os homens chegam silenciosamente à beira da água, retiram os adereços e tomam o banho matinal ; costume entre as nações que habitam o Alto Xingu. Pouco depois, o sol surge sobre as grandes ocas dos índios Yawalapiti, a aldeia resplandece numa explosão de claridade. Esses povos acreditam que, em eras distantes e num dia negro como esse, quando apenas os ;vagalumes iluminavam o mundo;, uma mulher deu à luz dois filhos: o sol e a lua, gêmeos em forma de gente. Quando a mãe morreu, o sol, então, decidiu homenageá-la com um ritual em que a alegria e o lamento andassem de mãos dadas. Assim nasceu o Kuarup.

Desde tempos imemoriais, sempre que um índio célebre morre (e, de vez em quando, um respeitável homem branco), ganha esse ritual fúnebre como homenagem. Por alguns instantes, acredita-se que, enquanto os parentes e amigos ;choram até tristeza secar;, a alma do morto retorna e encarna em troncos de madeira kuarup. ;Os pintores desenham rostos no tronco e depois a família os enfeita com adereços, para lembrar o parente que se foi. As pinturas de homens e mulheres são diferentes;, relata Anuyá Yawalapíti, liderança jovem da aldeia.

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