Diversão e Arte

Comediante britânico Sacha Baron Cohen comenta sobre o novo filme

postado em 26/08/2012 07:45
Sacha Baron Cohen quebra os limites estéticos no filme O ditador: comédia cada vez melhor e afiadaNa última década, não houve nenhum comediante tão ousado, divertido e provocante quanto esse inglês de pai londrino e mãe israelense, criado em berço judaico. Sacha Baron Cohen começou a fazer sucesso em 2000 com Ali G Indahouse, o seriado no qual encarnava Ali G, um rapper meio inglês, meio jamaicano, Borat, o ;segundo melhor repórter do Cazaquistão;, e Brüno, o jornalista austríaco gay e especializado em moda. A série ganhou versão nos Estados Unidos (Da Ali G show) e inspirou três filmes baseados nos personagens, lançados, nesta ordem, em 2002, 2006 e 2009. Agora, o humorista retorna às telonas na pele de Aladeen, um líder autoritário africano zanzando pelas ruas de Nova York ; e levando na bagagem cargas pesadas de antisemitismo, ideias antidemocráticas e outros preconceitos que sempre soam ofensivos aos ocidentais.



Quando não está tirando com a cara de cidadãos americanos, ofendendo judeus em piadas aparentemente ingênuas ou fazendo comentários misóginos em seus filmes, Baron Cohen é um verdadeiro cavalheiro ; um gentleman. Em entrevista por telefone, de Los Angeles, o ator falou sobre o novo personagem, o desafio de improvisar cenas ao lado de outros intérpretes e suas principais inspirações, de Peter Sellers, o inspetor Clouseau em A pantera cor-de-rosa (1963), à trupe Monty Python.

Como foi manter, em O ditador, o equilíbrio entre a comédia prevista no roteiro e a comédia improvisada, tão característica em Ali G, Borat e Brüno?

Sabe, foi um desafio. Mas tentamos manter a liberdade de Ali G, Borat e Brüno com muita improvisação. Então, você sabe em que direção seguir a cada cena, mas, às vezes, o final não corresponde ao que estávamos pensando. Ainda sobre isso, nós improvisamos talvez durante meia hora com o elenco. Eu estava lá com Ben Kingsley e dizia, ;ei, agora vou beijar você na boca;. E fui um sortudo de ele não ter me dado um soco na cara.

Aladeen parece com o tipo de governante autoritário que se tornou alvo de revoluções populares na Primavera Árabe. Esses acontecimentos políticos influenciaram a composição do personagem?


Não, realmente não. Foi uma coincidência incrível. Nós tivemos uma ideia para esse filme e seis meses depois a Primavera Árabe começou a acontecer. Nós estávamos escrevendo o roteiro. E as pessoas me perguntavam, ;espere um segundo, o Gaddafi leu o seu roteiro?; Não leu! Mas parecia uma ideia absurda, essa de que eles levariam democracia para os seus países. A ideia era o ditador lutando para impedir que o mal da democracia chegasse ao seu país ; e então isso começou a realmente acontecer. Mas, à medida que a Primavera avançava, ela mudou algo no roteiro. Muitas piadas estavam sendo assassinadas tão rapidamente quanto os ditadores. Kim Jong-il, coronel Gaddafi. Sabe, quando Osama Bin Laden foi morto, todo mundo estava comemorando, e nós ficamos triste porque as piadas que tínhamos escrito sobre ele estavam agora mortas.

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