;Eu tenho uma confissão: não me interesso por futebol. Para um argentino ou para um brasileiro, me parece um pecado. Não torço para nenhum time e não assisto. Me envolvo, sim, com as paixões que o futebol desperta;, conta o diretor argentino Juan José Campanella. Numa ironia do destino, são justamente encenadas partidas futebolísticas que, há dois anos, impedem o cineasta de lograr as boas promessas com o Oscar de melhor filme estrangeiro por O segredo dos seus olhos. ;O Oscar não mudou nada. Duas semanas depois de ganhar, comecei com Metegol;, explica. Iniciado há cinco anos, o projeto da animação ; em 3D e no qual ;boleiros; de pebolim ganham vida autônoma ; denota exaustão. ;Não tenho férias, feriados; não tenho vida;, exagera, antes do lançamento do filme previsto para o início do próximo ano. ;Tal qual Touro indomável e Rocky, que não são filmes de boxe, Metegol não é um filme de futebol. Existe uma partida. Faz cinco anos que desenvolvemos esse filme no qual, há dois, trabalho intensamente. Se soubesse o que era, talvez não tivesse me metido nisso;, diz às gargalhadas.
Se choveram propostas para empreitadas hollywoodianas, o cenário agora é desencantador: ;Fazem-se muitas coisas de super-heróis e de invasões extraterrestres; coisas que não, não tenho vontade;. A ;etapa dourada; da tevê americana ; da qual tomou parte, dirigindo epsiódios de House e Law & Order ; faz o contraponto. ;Há mais prestígio no trabalho na tevê do que no cinema. Ao verem mais televisão, as pessoas interessadas em dramas não frequentam mais o cinema. Esperam sair em DVD. As pessoas só vão aos cinemas para ver grandes espetáculos: Os vingadores, A era do gelo 4, Madagáscar 3 e Homem-aranha ; os números de bilheteria respondem pelas decisões tomadas;, comenta.