Um senhor segura um volume de Cinquenta tons de cinza na fila de uma livraria. Parece ansioso. Uma senhora mais à frente garante o exemplar. Naquele dia, quase 40 cópias seriam comercializadas na loja. Desde o lançamento no Brasil, há quatro semanas, foram 200 mil. Um recorde. No mundo, o número ultrapassa 40 milhões de unidades. O senhor da fila, quando abordado sobre a compra, responde: ;Minha mulher me obrigou;, disse, quase envergonhado, preferindo não se identificar.
Enquanto isso, em Nova York, integrantes de um grupo que luta contra a violência doméstica (Wearside Women in Need) organizam uma fogueira com milhares de exemplares do livros que compõem a trilogia de Erika Leonard James (Cinquenta tons de cinza é o primeiro deles). O motivo: a obra, que foi apelidada de ;pornô para mamães;, incita a violência e a tortura sexual. Pretendem assim levar os ;cinquenta tons; às cinzas, como protesto.
O livro, que já teve os direitos de publicação vendidos para 41 países e para o cinema, arrebata uma legião de leitores, ávidos pelas experiências dos protagonistas Anastasia Steele (Ana) e Christian Grey (cujo sobrenome em inglês ; cinza ; faz alusão ao título). Ela, uma jovem virgem de 21 anos. Ele, um milionário sedutor, seis anos mais velho e com um obscuro passado (além de uma longa lista de fetiches). Os encontros tórridos e o frisson erótico causam comoções mundiais. Brasília não fica de fora e também consome os tons da estreante autora britânica, que assina E. L. James.