Musicalmente, os cantores cariocas Mauricio Pessoa e Rodrigo Bittencourt parecem trilhar caminhos apostos. Ao mesmo tempo, a produção deles tem algo em comum. Pessoa é discípulo da canção brasileira mais tradicional, tendo Paulinho da Viola, Tom Jobim e, especialmente, Chico Buarque, como notórias inspirações. Bittencourt, por sua vez, parte de bossa nova, samba e MPB para fazer algo descolado de referências, soando brasileiro e também universal. Independentemente das diferenças estilísticas, ambos se destacam, seja no diálogo com a tradição ou com a modernidade, por trabalhos que primam pelo esmero na confecção das canções.
Comparando a estreia, lançada em 2007, e Habitat, seu segundo álbum, Mauricio Pessoa, 34 anos, aponta que o primeiro disco era propositadamente reverente, com algumas homenagens aos mestres. ;A reverência ainda está presente no Habitat, mas acho o conteúdo dele mais homogêneo e original;, comenta. As faixas foram gravadas em Nova York, a convite do produtor Béco Dranoff (que assina a produção com Zé Luis Oliveira). ;Tanto a banda base quanto as cordas foram gravadas ao vivo no estúdio. Queríamos um disco orgânico;, detalha Pessoa. No meio do processo, iniciado em 2010, o cantor foi aceito para estudar orquestração na renomada Juilliard School (onde acabou de se formar).