O Brasil nunca teve memória boa, ainda mais quando o assunto é a entrada do país na Segunda Guerra. Isso foi há exatos 70 anos, em 31 de agosto de 1942. Getúlio Vargas tirava o país de cima do muro ; suas ideias flertavam com o nazi-fascismo, mas a política externa era amistosa aos Estados Unidos ;, decidia apoiar os aliados e, em seguida, enviava 25 mil soldados à Itália. Mas, muito antes dos atos de bravura da Força Expedicionária Brasileira, um episódio trágico e heroico, curiosamente colocado em segundo plano na história, foi decisivo para a iniciativa do presidente Vargas. Entre 15 e 17 de agosto, no litoral nordestino, cinco embarcações brasileiras, levando carga, civis e militares, foram abatidas por um submarino alemão. O ataque resultou em 607 mortes. E, só agora, recebe atenção merecida em U-507 ; o submarino que afundou o Brasil na Segunda Guerra Mundial (Schoba), livro de estreia do jornalista gaúcho Marcelo Monteiro.
;A dimensão disso me levou à pesquisa. Em nove horas, 591 pessoas morreram. Muito mais que em um ano de luta na Itália. Se a gente fizer um paralelo com os Estados Unidos, foi como o Pearl Harbor. Todo americano conhece, já leu, viu filmes, sabe de cor e salteado. O nosso Pearl Harbor a gente desconhece. É curioso e lamentável;, diz Monteiro, 40 anos, nascido e formado em jornalismo em Santa Maria.