O filme A Última Estação, dirigido por Márcio Curi, dará o tom de emoção à abertura da 45; edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, marcada para a noite desta segunda-feira (17/9). O longa-metragem de ficção, que será exibido para convidados na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional Cláudio Santoro, relata a história de imigrantes libaneses que deixaram sua terra natal em busca de uma vida melhor do outro lado do mundo.
;O filme refaz o que foi a trajetória de toda a comunidade libanesa;, reforça Curi. Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o diretor e produtor, que evita falar sobre a obra antes da exibição, antecipou que a obra dirige o olhar para o dia a dia dos imigrantes : ;Procurei carregar ao máximo que pude a questão do cotidiano das pessoas, de como vão construindo e burilando suas relações pessoais;.
Baseada em uma narrativa rica em sensibilidade, poesia e humor, o longa-metragem conta a história de vida do libanês Tarik que, em meados dos anos de 1950, vem para o Brasil, ao lado do irmão mais novo, Karim. No navio em que realizam a trajetória, os dois libaneses iniciam amizade com outros meninos árabes e sírios. Quase meio século depois, Tarik decide cumprir algumas promessas e abandona tudo para atravessar o Brasil na companhia da filha Samia, em busca dos meninos que fizeram a travessia com ele, 51 anos antes.
;É a oportunidade que eles têm [pai e filha] de retrabalhar a relação dos dois, de viverem conflitos latentes e superar estes conflitos para se conhecer melhor;, descreveu o diretor.
Para Curi, além de uma homenagem, a escolha do longa para a abertura do festival reforça o retorno emocional que o filme significou em sua trajetória profissional. ;A abertura desse festival será um dos momentos mais emocionantes que já vivi nos últimos 40 anos;, disse.
[SAIBAMAIS]Em 1993, Curi dirigiu, com Yanko Del Pino, o filme A TV Que Virou Estrela de Cinema. ;Eu tinha abandonado completamente a ideia de dirigir filmes. Com esse projeto, conseguiram me convencer. É um retorno e uma reconsideração;, admitiu.
Além de reacender projetos que estavam descartados, a direção de A Última Estação ainda representou um resgate da história pessoal e familiar do diretor, que tem origem libanesa e a mesma faixa etária dos personagens do enredo.
;Quando comecei a fazer o filme, meu pai, que era filho de libaneses, estava com 90 anos. As coisas começaram a se mesclar um pouco e meu envolvimento com o tema foi se fortalecendo. Meu pai chegou a participar do filme e fiz uma pequena homenagem a ele, que só eu que identifico. Ainda fui ao Líbano duas vezes. Ninguém na família tinha ido até lá. Isto tudo foi emocionalmente muito forte para mim;, contou Márcio Curi.
A Última Estação, com duração de 114 minutos distribuídos por cenas filmadas no Brasil e no Líbano, reúne no elenco a atriz Elisa Lucinda e o ator e diretor libanês Mounir Maasri, além dos brasilienses Klarah Lobato, João Antonio, Chico Santana, Narciza Leão, Sérgio Fidalgo e Adriano Siri. ;Pelos primeiros retornos das pessoas que já viram o filme, acho que consegui um bom nível de comunicação e, se isto se confirmar, eu talvez me entusiasme [e continue dirigindo]. Tenho alguns projetos em vista;.